02 D E A B R I L

segunda-feira, 11 de maio de 2015

DIREITOS HUMANO - AUTISMO

DIA MUNDIAL DO AUTISMO:  PROGRAMA NA TV 
Cerca de 90% dos brasileiros com autismo não recebem diagnóstico

O autismo é como uma arte abstrata, com linhas e formas específicas, que só quem é conhecedor consegue interpretar e admirar
Monumento é iluminado de azul em Nova Délhi, na Índia, para marcar o Dia Mundial de Conscientização sobre o Autismo AP/Altaf qadri 
SECRETARIA DE DIREITOS HUMANOS - PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA 
02 de Abril de 2013
Dia Mundial de Conscientização do Autismo: Governo lança diretrizes previstas no Plano Viver Sem Limite
O Ministério da Saúde (MS) lançou em Brasília as Diretrizes de Atenção à Reabilitação das Pessoas com Transtornos do Espectro do Autismo nesta terça-feira (2), Dia Mundial de Conscientização do Autismo. O documento, que padroniza o atendimento de saúde para os autistas, faz parte das metas do Plano Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência – Viver sem Limite. Inédita, a cartilha foi construída com a participação de especialistas, pesquisadores e por entidades da sociedade civil.
A ministra Maria do Rosário, da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR), pasta responsável pela coordenação do Viver sem Limite, saudou de primeira mão a iniciativa e destacou a passagem do Dia Mundial de Conscientização do Autismo. A ministra falou dos avanços que vem sendo conquistados por este segmento e citou a recente aprovação da Lei 12.764/12, que instituiu a Política Nacional de Proteção aos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista. A legislação reconhece o autista como uma pessoa com deficiência, permitindo acesso às ações do Plano Viver Sem Limite.
Presente na solenidade de anúncio das diretrizes, o secretário Antônio José Ferreira, da Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência, reforçou que o Viver sem Limite traz à tona um segmento que estava invisível para a sociedade. “Até o fim de 2014, com as ações do plano, certamente a vida das pessoas com deficiência ganhará um novo sentido e uma nova visibilidade”, afirmou.
Nova diretriz - A partir de agora, toda a Rede do SUS – Sistema Único de Saúde passa a contar com orientações relativas ao cuidado à saúde das pessoas com transtornos do espectro do autismo e suas famílias, em consonância com a Convenção da ONU sobre os Direitos da Pessoa com Deficiência e da Lei 12.764/2012.
O texto pode ser consultado em www.saude.gov.br/ pessoa com deficiência. No mesmo portal estão as demais diretrizes já lançadas pelo Viver sem Limite, como as Diretrizes de Cuidado da Pessoa com Síndrome de Down; Diretrizes de Cuidado da Pessoa Amputada; Diretrizes de Atenção à Triagem Auditiva Neonatal; Diretrizes de Cuidado da Pessoa com Lesão Medular; e Diretriz de Cuidados à pessoa com Paralisia Cerebral. Até 2014, está prevista a elaboração das diretrizes terapêuticas sobre deficiência intelectual; deficiência visual; Acidente Vascular Encefálico (AVE); e Traumatismo Cranioencefálico (TCE).  Assessoria de Comunicação Social
O que é autismo 
Autismo é a denominação dada a um conjunto de características derivadas de um desenvolvimento neurológico atípico. Há evidências de que esta diferença neurológica esteja presente desde o nascimento ou até um período anterior. No entanto, os comportamentos observados – através dos quais a desordem é diagnosticada – muitas vezes são detectáveis apenas a partir da idade de cerca de 18 meses.  Entre as principais características do autismo estão alterações no desenvolvimento de habilidades sociais e de comunicação, interesses restritos e comportamentos repetitivos.
    
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que cerca de 70 milhões de pessoas no mundo estejam no espectro do autismo. Os recentes números de estatísticas do autismo entre a população dos Estados Unidos e da Europa apontam para a existência de um aumento do número de casos diagnosticados com autismo.
Em março de 2012, o CDC (Centro para Controle e Prevenção de Doenças) dos EUA, publicou o resultado de uma pesquisa realizada naquele país até o ano de 2008, apontando para os números de 1 caso de autismo em cada 88 crianças de 8 anos. Em março de 2014, o CDC divulgou o resultado de uma pesquisa feita até 2010 com a prevalência de 1 caso de autismo a cada 68 crianças de 8 anos naquele país.
Em março de 2013, um ano antes, o mesmo órgão havia publicado os dados de uma pesquisa realizada entre 2007 e 2012, informando a prevalência de 1 caso de autismo a cada 50 crianças de 6 a 17 anos nos EUA. A desordem atinge indivíduos de ambos os sexos e de todas as etnias, classes sociais e origens geográficas. A ocorrência é maior entre o sexo masculino, quase 5 vezes mais comum em meninos do que meninas.
Atualmente, nos EUA, estima-se 1 caso de autismo a cada 54 meninos e um caso de autismo em cada 252 meninas (fonte: Centers for Disease Control, EUA, 2012-2013). Pesquisas científicas de estudo da desordem têm sido desenvolvidas em diversos países, mas a comunidade científica ainda não chegou a um consenso em relação às causas do autismo e o que é autismo.
Há fortes evidências, no entanto, de que exista de uma predisposição genética (Rutter, 2005), e que fatores ambientais sejam o gatilho para o aparecimento dos sintomas. Também tem sido sugerido que o autismo seja causado por um distúrbio da integração sensorial (Smith-Myles & Simpson, 1998), atrasos de maturação dos reflexos primários (Teitelbaum, Benton & Shah, 2004), disfunção do sistema imunológico (Pardo, Vargas & Zimmerman, 2006), ou problemas gastro-intestinais (Gurney, McPheeters & Davis, 2006).
No Brasil, estima-se um número de até 2 milhões de casos de autismo, e cerca de metade destes casos ainda não diagnosticados. O aumento dos casos de autismo diagnosticados no Brasil tem sido relatado por instituições ligadas ao atendimento de famílias de crianças com autismo em todas as regiões brasileiras. No passado, o autismo foi frequentemente considerado um distúrbio comportamental, com alguns cientistas tendo até adotado a teoria de que o autismo era causado pelo fenômeno da “mãe-geladeira”.
Pesquisas mais modernas têm descartado totalmente esta perspectiva. Na maioria dos últimos sessenta anos (desde que o autismo foi primeiramente descrito por Kanner, em 1943), a desordem foi estudada em termos de comportamentos apresentados ao invés do estudo do subjacente desenvolvimento neurológico. Por consequência, os diagnósticos atuais ainda são feitos com base em comportamentos observáveis, o que significa um atraso na elaboração do diagnóstico na maioria dos casos. Recentes pesquisas com o foco na identificação de características neurológicas do autismo têm sido desenvolvidas com o objetivo de auxiliar o processo de diagnóstico, a intervenção precoce, o processo de desenvolvimento e o bem-estar de pessoas com autismo.
Nos dias de hoje, o autismo é referido como Transtorno do Espectro do Autismo (TEA), nomenclatura que indica uma ampla variação na sintomatologia e graus de dificuldades ou habilidades. Os diagnósticos de Transtorno Invasivo do Desenvolvimento ou Transtorno Global do Desenvolvimento (TID, TGD, ou a sigla PDD em inglês), Transtorno Global do Desenvolvimento Sem Outra Especificação (TGD-SOE ou a sigla PDD-NOS em inglês) ou a Síndrome de Asperger deixaram recentemente de ser utilizados pela Associação Americana de Psiquiatria englobando todos os casos no diagnóstico de Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) com diferentes graus de severidade.
Segundo a 5a edição do DSM (Manual de Estatísticas e Diagnósticos de Transtornos Mentais da Associação Americana de Psiquiatria), devem ser preenchidos os critérios abaixo para o diagnóstico do Transtorno do Espectro do Autismo:
1. Dificuldades significativas e persistentes na comunicação social e nas interações sociais em múltiplos contextos, manifestadas de todas as seguintes maneiras:
- Dificuldades na comunicação não verbal utilizada para interação social;
- Dificuldades na reciprocidade social e emocional;
- Dificuldades para desenvolver e manter relacionamentos.
2. Padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses ou atividades, manifestados por ao menos duas das seguintes maneiras:
- Comportamentos repetitivos ou estereotipados – verbais, motores ou na utilização de objetos;
- Excessiva adesão a rotinas, padrões ritualizados de comportamento verbal ou não verbal, ou excessiva resistência a mudanças;
- Interesses altamente restritos e fixos que são atípicos em intensidade e foco;
- Hiper ou hipo resposta aos estímulos sensoriais, ou interesse incomum em aspectos sensoriais do ambiente.
3. Os sintomas devem estar presentes no início da infância, embora possam não se manifestar completamente até que as demandas sociais excedam o limite de suas capacidades, ou possam ser disfarçados por habilidades aprendidas em um período posterior na vida.
4. O conjunto dos sintomas provoca dificuldades clinicamente significativas no desempenho das atividades diárias, ocupacionais e sociais. O grau de severidade dos sintomas varia em uma escala de 1 a 3, sendo 1 o grau mais leve e 3 o grau mais grave.
Pessoas com diagnósticos do espectro do autismo podem apresentar também habilidades e talentos especiais. Há diversos relatos científicos e anedotários sobre habilidades incríveis que várias pessoas com autismo possuem. Em uma das extremidades deste espectro, encontra-se uma pequena porcentagem de pessoas que são referidas como “savants”, as quais apresentam habilidades extraordinárias, geralmente nas áreas de matemática, música ou arte (Happe, 1999). Algumas pessoas com autismo, como por exemplo Steven Wiltshire, são capazes de memorizar uma cena na rua para depois, em casa, desenhá-la com os mais minuciosos detalhes.
Já os milhares de pessoas com autismo que não desenvolvem habilidades de “savants”, também possuem diversas habilidades especiais. Muitas pessoas com autismo apresentam habilidades de percepção viso-espacial altamente desenvolvidas (em Happe, 1999). Nós já trabalhamos com crianças de 5 anos de idade capazes de montar um quebra-cabeça de 500 peças em questão de minutos com o lado da figura virado para baixo.
Um grande número de pessoas com autismo, numa proporção maior do que na população que não apresenta autismo, possui ouvido absoluto – a habilidade de identificar uma nota musical ouvida. Nós também trabalhamos com crianças que, aos 4 anos de idade, eram capazes de multiplicar 2 números de 3 dígitos cada em suas “cabeças”. Estas crianças não haviam recebido nenhum treinamento em matemática, mas haviam apresentado esta habilidade em idades precoces.
A Inspirados pelo Autismo vê cada criança em sua totalidade ao invés de focar apenas nas dificuldades da criança. Ao valorizar os talentos e motivações da criança você pode ajudá-la a superar suas dificuldades. Isto é amplamente aceito na educação de crianças de desenvolvimento típico. Esta noção tem sido ignorada em algumas abordagens educacionais para pessoas com autismo, onde procura-se afastar a criança de seus interesses e habilidades adquiridas por serem consideradas “obsessões”.
A velha perspectiva tem visto o autismo como uma desordem comportamental. Como consequência deste pensamento, as abordagens têm focado na mudança do comportamento, tentando eliminar os chamados comportamentos atípicos. A nova linha de pensamento vê o autismo como o desenvolvimento resultante de um sistema neurobiológico programado para operar de forma diferente. A consequência desta nova forma de pensar o autismo é um programa de desenvolvimento que busca oferecer um ambiente físico e social que leve em conta esta diferença biológica e que promova o aprendizado e o bem-estar de cada criança.
Profissionais de abordagens interacionistas têm visto durante as últimas três décadas que a aceitação e apreciação das atividades e interesses da criança auxilia na construção de uma ponte que pode levar à interação social com uma criança com autismo. Através da interação social, muitas outras habilidades podem ser aprendidas pela criança. Estudos científicos demonstram o valor desta abordagem (ex: Dawson & Galpert, 1990; Kim & Mahoney, 2004; Mahoney & Perales, 2005 e Trivette, 2003).
Ao valorizar os talentos e motivações da criança você pode ajudar esta criança a superar os seus desafios.
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Trabalhamos com uma abordagem educacional interacionista, responsiva, motivacional e lúdica, a qual busca inspirar as crianças e adultos com autismo para que aprendam através da interação social divertida e prazerosa.
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