Entrevista com Martim Fanucchi.
Como eu havia prometido hoje, o blog tem uma
surpresinha para você. No Post de hoje eu trago uma entrevista para a janelinha
– de Martim Fanucchi – idealizador e editor da Revista Autismo. Martim também é
pai de uma menina autista, e me atendeu com a maior gentileza do mundo! O Blog
e Papai do Céu agradecem!
EXEMPLO da Janelinha – Como surgiu a ideia da
criação de uma revista que falasse sobre autismo?
Martim – Olá, td bem? Antes de tudo gostaria de agradecer a oportunidade
de contar essa história.
Bem, eu fazia parte do grupo autismo Tratamento,
um grupo de pais que debatem, trocam ideias e experiências sobre autismo na Internet.
Um dia alguém postou algum vídeo do yuotube e eu fui assistir. Depois fiquei
vendo alguns vídeos relacionados até me deparar com um em que a Mãe “desabafava”
para câmera que já não aguentava mais:
Não aguentava ver a filha largada na escola que
o estado apôs que não davam nenhum suporte a deixava coitadinha, sozinha e só
queriam saber do dinheiro da verba que a escola recebia por ela. Ela estava
cansada e tinha muitas vezes de amarrar a filha em casa para poder sair, mesmo
porque só assim tinha certeza de que não iriam fazer mal para ela, nem ela
faria mal para ela mesma. Essa menina tinha um rostinho muito triste de
sofrimento e de dor que eu jamais vou me esquecer.
Como eu tenho uma filhinha eu projetei na hora
como se fosse a minha filha. Eu comentei na manhã seguinte com um advogado
muito amigo meu, estávamos fazendo uma reunião na doceira Holandesa, em
Higienópolis, tratando de inclusão da escola da minha filha na Secretaria da
Educação. E chegando à conclusão de que só poderíamos ajudar a mudar esse
quadro com informação.
Naquela manhã eu e o Dr. Farina, criamos a
Revista que ainda nem nome teria, que só foi em frente com a ajuda de pessoas
como o senhor Zinho, um pai de Santa Catarina, que bancou a primeira Edição
sozinha, do próprio bolso, já que ele nos colocou a disposição a sua gráfica.
Ele e muitas outras pessoas que acreditaram nesse projeto que hoje tem “vida
própria”...
Janelinha – Como são
feitas as escolhas para as matérias a serem publicadas?
Martim – No início era apenas o Paiva Junior e eu solicitando
para alguns profissionais e pais que conhecíamos a matéria que achávamos
pertinente para uma primeira Edição. Na segunda Edição, nosso foco era em
divulgar o dia mundial de conscientização do Autismo, logo em Capa da Revista,
para que pudéssemos pertinente para uma primeira Edição.
Nessa Edição, entrevistamos o Alysson, que não
só apoiou o projeto, como passou a fazer parte do projeto como Editor
Científico. Nessa Terceira Edição, tíamos algumas matérias, mas não tínhamos
capa, a matéria de capa, seria sobre as pesquisas no Brasil e o mundo e não tínhamos
conseguido fechá-la à tempo, então surgiu a ideia de combater o preconceito. Coisa
que pais e profissionais estão acostumados a ter de lidar com isso todos os
dias, e resolver criar uma campanha educativa também. Basicamente quem decide
as matérias somos os três:
Paiva, Alysson e Eu.
Janelinha – Existem planos para a Revista Autismo se tornar uma
publicação mensal?
Martim – Não acredito na Revista Autismo como publicação mensal.
Não que não haja assunto para isso, mas a qualidade dos assuntos, os temas, achou
que o ideal é que a publicação deixe de ser “de vez em quando “para trimestral””.
Janelinha – O texto escrito por você na última Edição da Revista
(publicado aqui também no Post anterior)
se originou de alguma experiência pessoal?
Martim – Infelizmente sim, não foi uma experiência pessoal direta,
mas aconteceu com a minha esposa... Ela que assistiu a cena do consultório e me
contou. Eu usei a história para ilustrar a matéria de preconceito.
Janelinha – Com quantos anos sua filha foi diagnosticada? Como lidou
com isso no primeiro momento?
Martim – Julia foi diagnosticada por uma equipe multidisciplinar
da Universidade MacKenzie, chefiada pelo Dr. Salomão Schwartzmanm, aos dois
(02) anos e meio de idade. Bom, como acontece com todos os pais, ficamos
chocados, tristes e muitos preocupados. A necessidade de se buscar informações
se fez necessária e começamos a ir atrás, lendo textos, vendo Blogs e participando
de grupos de discussão pela Internet. Fomos convidados pela Dra. Simone Pires a
entrar no grupo Autismo e Tratamento e daí por diante vocês já conhecem a
história.
Janelinha – As pessoas científicas estão com prognósticos cada vez
mais otimistas em relação ao futuro do autismo. Tu acreditas que um dia será
possível a cura do autismo? Estamos quase perto de acontecer.
Martim – Não só acredito como tenho certeza que um dia a cura
virá. É questão de tempo. Não só pela competência dos profissionais envolvidos,
mas pela VONTADE de achar a cura, que esses abençoados cientistas profissionais
estão estudando para este fim.
Janelinha – As últimas estatísticas Americanas revelam um quadro
quase epidêmico do autismo naquele país. Aqui no Brasil, os casos também
aumentam da noite para o dia. Tu acreditas que isso se deva a quem fator? (ou
quais fatores).
Martim – Acho o que está acontecendo no Brasil e no mundo por
geral, seja que estas crianças e pessoas com autismo estão começando a
aparecer... A informação está fazendo com que as pessoas mudem suas atitudes,
deixando de esconder seus problemas em casa e assumam seus filhos e parentes.
Além da prevalência epidêmica da Síndrome.
Janelinha – Hoje em dia o autismo está em evidência nas grandes Redes
Sociais, grupos virtuais de mães, associações familiares e amigos
compartilhando experiências vividas. O que tu achar disso?
Martim – Acho fantástico. Quanto mais informações forem
veiculadas nesses meios, quantidades de mais pais e profissionais terão acesso
e a qualidade de vida de todo mundo pode melhorar muito (todos que têm um
envolvimento com autismo).
Janelinha – O que tu dirias Hoje
aos pais que revelaram o diagnóstico do T.F.A. de seus filhos, que estão sem
saber o que fazer?
Martim – É muito difícil esse momento: o momento do diagnóstico é
o mais delicado de todo o processo. Há o choque inicial, há o “velório” daquele
filho sonhado e há também a dúvida de como agir, do que fazer. Acho também que
a busca de profissionais que assistam adequadamente o seu filho, a busca de
informações por meio de grupos de pais e profissionais, a troca de experiência
e ideias vão ajudar muito. Isolar-se não soluciona o problema, então o negócio
é enfrentar.
Há tanto o que se aprender com o próprio filho.
E também junto para descobrir coisas com os quais ele nos mostra de como fazer
para aprender e compreender com ele. Com isso, aprendemos serem pais “melhores”
com essas crianças, mas só com o tempo adquirimos forças para irem em frente.
Janelinha – O que aprendestes, como pai da Júlia? O que mais mudou
no teu novo “modo de olhar” o mundo?
Martim – Aprendi a dar mais valor às coisas pequenas, pequenas
vitórias, que para muitos pais passariam despercebidos, mas que para quem tem
um filho com autismo sabe bem do que estou falado. Como disseram antes, essas
pessoas nos fazem seres humanos melhores do que éramos, por toda mudança em nossa
sintonia, em nossa percepção do mundo. Se eu estivesse eu escolher uma filha,
escolheria a Julia toda às vezes. Hoje eu só sou o que sou por causa dela e por
ela.
Agradeço primeiramente a Deus por ter nos dados
as boas oportunidades novas de contar essa história e deixar uma mensagem de
esperança para todos: Fomos escolhidos para cuidar, já que nos somos anjos,
cuidar desses anjinhos inocentes eternais, isso não é um castigo, mas um
presente de poder aprender mais com a vida.
Falamos de preconceito
Já fazia um bom
tempo que eu queria entrar neste assunto- tão delicado -aqui no blog... E ao
receber a Revista Autismo deste mês, já vi de cara que o assunto seria
abordado. Na capa diz assim: "Preconceito- Um mal que só pode ser
combatido com informação". Então, meus amigos, vamos a ela - bendita
informação! Este texto está na revista e achei muito útil publicá-lo aqui, para
todos que visitam o blog, e olha que tem uma galera aí que não possui o autismo
dentro da família, mas estão procurando se informar. E eu só tenho que ficar
muito satisfeita com isso, né? Porque se uma só pessoa "mudar sua
atitude" diante de uma cena corriqueira para nós (e constrangedora), como
as famosas birras em público - já valeram a pena!
O texto é de Martim Fanucchi, que gentilmente autorizou a sua publicação aqui na janelinha.
O preconceito é o analfabetismo
da alma
Estão na sala de espera de um consultório médico duas mulheres: uma
aguarda a consulta lendo revista, a outra mexe em seu aparelho celular. Chega
uma terceira mulher que senta próximo às outras duas e começa a assistir tv.
Nesse momento, também chega uma mãe, acompanhada de uma criança de uns sete ou
oito anos, de chupeta e babador. Todas as mulheres reparam quando mãe e filho
sentam na espera, mas a que estava vendo tv não tira os olhos da criança e da
mãe. Ela não para de olhar e encarar a criança e a mãe, não fala absolutamente
nada, mas está com a cara fechada, num claro ar de desaprovação.
A mulher que mexe no celular nota o fato, mas não fala nada. A
enfermeira vem e chama a mãe e a criança para o atendimento. A mulher que se
"incomodou" continua seguindo com o olhar e a cara fechada até que os
dois tenham saído da sala de espera. Não contente com isso, ela solta o
seguinte comentário:
-Que absurdo! Uma criança daquele tamanho com chupeta e babador... Uma
vergonha!
A mulher que mexia no celular responde:
-Absurdo maior são
algumas pessoas que julgam as outras sem saber direito em quais condições elas
estão. Vergonha mesmo é isso... Esse preconceito.
A mulher que lia a revista, apenas olha para uma e para outra e dá uma
pequena risadinha.
São cenas assim, tão comuns no dia a dia de pais, profissionais e
pessoas que cuidam e atendem pessoas com necessidades especiais. E isso
acontece em todos os lugares: no shopping, num restaurante, numa loja, num
parque, em qualquer lugar. Se a pessoa tem um comportamento diferente, pronto,
já é motivo para reparar. Parece que todo mundo precisa vir com crachá e aviso:
meu nome é fulano de tal, sou autista...
Pensando nessas pessoas e nessas situações, a Revista Autismo criou uma
campanha: "Seja compreensivo: sou autista, não sou mal educado" para
educação e conscientização da sociedade, para que diminua o preconceito a
todos.
Acreditamos que todos olhem com "outros olhos" após
perceberem que aquela pessoa tem algum tipo de deficiência. Quanto mais
pessoas aderirem à causa, mais pessoas com autismo estarão sendo beneficiadas. Junte-se
a essa campanha você também!
(Martim
Fanuchi, publicitário e artista plástico são criador e editor da Revista
Autismo, faz trabalhos voluntários em vários projetos filantrópicos desde 1997,
e é o pai da Júlia, uma criança de 08 anos, que é autista).
* Não aponta para objetos ou pessoas;
* Age como se fosse surda;
* Não olha para objetos apontados por outra pessoa;
* Evita o contato visual e prefere ficar sozinha (o);
* Muitas vezes, ou talvez não, interesse pelos brinquedos consiste em
alinhá-los, não utilizando com a finalidade a que se destina. De certa maneira,
eles, são assim.
* Usa o adulto como ferramenta;
* Procura estimulações sensoriais tais como ranger os dentes, esfregar
e arranhar superfícies, fitar fixamente detalhes visuais, olhar mãos em
movimentos ou objetos com movimentos circulares;
* Bate palmas, anda na ponta dos pés, balança a cabeça, gira em torno
de si mesma, bate a cabeça na parede ou no chão, emite sons estranhos;
* Nos jogos: ausência de fantasia imaginação ou jogos de representação;
* Linguagem limitada ou sons diferentes, ausente, ecolalia, repetição de
assuntos, inversão pronominal;
* Gritos, risos e sorrisos inapropriados;
* Resistência às mudanças no ambiente e nas
rotinas.
Estes sintomas acima são aqueles bastante
conhecidos no geral. E eles não se encaixam mais no perfil da Giovana, é verdade. Mas existem inúmeros outros, principalmente os
comportamentais. E a Gica não foge destes, infelizmente. Ela, na maioria das vezes é arredia com as pessoas,
berra quando é contrariada, interage parcialmente com os coleguinhas da(s)
escola(s), gosta de brincar preferencialmente com a irmã ou alguns poucos que
"ela seleciona", fala muito pouco ou quase nada quando sai do seu
ambiente familiar. Não responde as perguntas de estranhos, às vezes dá
"aquele famoso piti" em lugares públicos, não se comporta de uma
maneira regular em alguns lugares - quando menos se espera, pode ser que
aconteça uma "birra daquelas", não tem noção do perigo - adora correr
riscos e brincadeiras perigosas.
Enfim... O que eu queria deixar claro é que
nunca tive a intenção de dizer que a Gica tinha se "curado". Apenas
que ela realmente está vencendo uma batalha. E eu fico muito feliz com isso.
Mas ainda virão tantas outras pela frente, não é? Mas estamos preparados, ou melhor,
aceitaremos o que vier - de cabeça erguida e sempre tentando ampará-la da
melhor maneira possível, ministrando os melhores remédios para o autismo:
AMOR SEM LIMITES, CARINHO, PACIÊNCIA E COMPREENSÃO.
Ela vai se curar? Sinceramente não sei. Existe
cura? Não sei. Mas jamais vou subestimar a capacidade de minha filha, nem
determinar "o seu limite de aprendizagem". Alguém me disse, que estes dia: (não lembro quem foi,
desculpe... mas só sei que gravei isto) - Dani, o céuéolimite! Temos muito a aprender, nossa vivência com o autismo ainda é
tão pequena, perto da dimensão que ele é! Seguirei escrevendo minhas postagens,
esperando sempre o apoio e carinho de vocês.
Depois de recebido
o diagnóstico, sempre nos vem à dúvida... Será que está correto? Será que não é
um engano? Será? Será?... É claro que esta dúvida também se apoderou da minha
mente por algum tempo, mas acho que foi por puro medo da palavra
"autista"... Lembro-me que no início eu costumava dizer que a Gica
tinha sido diagnosticado com T.E.A., sim, pois achava estas três (3) letrinhas
menos assustadoras. Com o tempo vi que isso também era um tipo de preconceito
da minha parte. Primeiro, porque não conhecia o que era o autismo, tudo era
muito novo para mim, o que eu sabia do autismo era o que havia visto no filme
"rain man.".
Ou então, achava
que todo autista gostava de se balançar, ou ainda (o pior de todos os
conceitos) - que o autista vivia num mundo isolado (pasmem: ainda existem
pessoas que acreditam nisso). Mas a benção da informação caiu sobre mim de uma
maneira maravilhosa. E veio em forma de uma menina linda, inteligente chamada
Giovana.
Tudo cai por terra
quando eu começo a compará-la com aquela Gica que ficou no passado: que não
gostava de festas gostava de se isolar, detestava presentes, não entendia
muito bem quando falávamos com ela, não se comunicava de outra maneira a não
ser com choro... Hoje está tudo muito diferente. E só por isso eu começaria a
descrer do diagnóstico? Não. Pelo simples fato de acreditar que ELA própria
está sabendo lidar com o autismo. E nós não nos amedrontemos mais com esta
palavra: autismo.
Em um panfleto
distribuído no ano passado, por uma Ong. (0rganização não governamental),
estavam "algumas características da pessoa portadora do
autismo"... exatamente 12 sintomas descritos no verso do panfleto. A
Giovana, na época apresentava 11 daqueles 12.
Hoje, posso dizer
tranquilamente e FELIZ para vocês que ela possui apenas UM sintoma daqueles
doze descritos (*linguagem limitada*). E ainda assim, está em pleno desenvolvimento,
pois ela está bem tagarela dentro de casa. Fala muito a guria! Pede, reclama,
chama, nomeia, fala frases mais longas, cada dia ela aumenta mais seu
repertório.
É quase certo (se
Deus quiser) que ela, no ano que vem não se enquadrará mais nem neste sintoma.
É aí que eu queria chegar. Os sintomas são múltiplos. Principalmente os
comportamentais. Não é porque ela não se enquadra nos "sintomas
típicos" que ela não é mais autista. Será que estou me fazendo entender?
Eu quero, com isso, deixar claro para os pais que: não se detenham somente em
sintomas clássicos - já falei aqui no blog: o seu filho é ÚNICO, e com isso,
seus sintomas podem não bater com nada disso. Mas, para finalizar, quero dizer
que minha filha está conseguindo vencer esta batalha. Uma feliz Páscoa para todos vocês!
Também queria dizer
que estou lendo o livro "Uma menina estranha", de Temple Grandin. Já
estou na metade e assim que terminar, irei colocar aqui o que achei. E... Recomendo
esta entrevista que foi ao ar pela TV COM, bem leve, bem esclarecedora, bem
simples o modo como todas as entrevistadas falam do autismo em suas vidas.
Uma das
entrevistadas é a Sílvia Sterling, mãe do Otávio (do blog www.autismo-umavidaempoucaspalavras.blogspot.com),
que eu tenho o maior carinho. Foi através dela e seu exemplo que veio a coragem
de fazer o meu próprio blog.
O link para a entrevista:
Eu adoro
séries de TV. Provavelmente eu procure alguma para assistir antes de ir para a
cama, já que a novela das 09h: 00 da Rede Globo é uma chatice. Normalmente as
séries são muito mais inteligentes. Pelo jeito, vale a pena ver Touch
pela sua singularidade. Conta à história de um garoto de 11 anos
diagnosticado com autismo, mas que afinal é uma das poucas pessoas na Terra a
compreender a linguagem dos números e como estamos todos ligados e que as
coisas na vida não acontecem apenas por acaso. Muitas vezes uma pequena ação
que temos aqui, pode ter um grande impacto na vida de outra pessoa que vive a
quilômetros de distância. O famoso “efeito borboleta” (ou seja, “o bater de
asas de uma borboleta pode provocar um furacão”).
“Touch” é um
drama no qual a ciência e a espiritualidade se juntam com a esperançosa
premissa de que todos estão conectados, atadas por laços invisíveis àqueles
cujas vidas estamos destinadas a afetar e alterar. No centro da cena está
Martin Bohm (Kiefer Sutherland), viúvo e pai solteiro, martirizado pela
impossibilidade de se comunicar com Jake (David Mazouz), seu filho autista, de
onze anos. Após várias tentativas fracassadas para manter Jake na escola,
Martin recebe a visita de Clea Hopkins (Gugu Mbatha-Raw), assistente social
encarregada de avaliar o bem-estar de Jake. Tudo muda quando Martin descobre
que Jake possui um incrível e especial dom para ver coisas e padrões que ninguém
mais consegue…
PERSONAGEM AUTISTA
Marcelo Serrado será autista no cinema e fará par com
Camila Pitanga18 de Março de 2012 às 15h: 28 Avaliações: 2,8 (5votos) Avalie Marcelo
Serrado fará irmãos gêmeos em ‘Mesmo que Seja Eu’. O filme começa a ser gravado
e de 2013 TV GLOBO/ Renato Rocha Miranda Marcelo Serrado. Depois do grande
sucesso como Crô em Fina Estampa e de emendar o trabalho em Gabriela, Marcelo
Serrado (45) será um autista no cinema. O ator fará par com Camila Pitanga (34)
em Mesmo que Seja Eu, o novo filme de Evaldo Mocarzel.
No longo, que está em fase de captação de recursos
e pré-produção, Serrado fará o papel de dois irmãos gêmeos. “A história é bem
bacana. Fiz umas pesquisas, mas como é para o ano que vem a gente ainda está só
lendo o roteiro”, contou a CARAS Online. Enquanto isso, o ator vai aparecer nas
telinhas como marido de Fabiana Karla (36) no remake de Gabriela. “É um
personagem bem oposto do Crô”, adiantou. Tags desta notícia: Camila Pitanga,
Crô, Evaldo Mocarzel, Fabiana Karla, filme, fina estampa, Marcelo Serrado.
O Aluno com Autismo. Dez coisas que todo aluno com
autismo gostaria que a professora soubesse
1. Comportamento é comunicação. Todo comportamento
acontece por uma razão. Ele conta para você, mesmo quando as minhas palavras
não podem fazê-lo, como eu percebo o que está acontecendo ao meu redor.
Comportamento negativo interfere no meu processo de aprendizagem. Entretanto,
simplesmente interromper esses comportamentos não é suficiente; ensine-me a
trocá-los por alternativas adequadas de modo que a aprendizagem real possa
fluir.
Comece por acreditar nisto: eu verdadeiramente
quero aprender a interagir de forma apropriada. Nenhuma criança quer receber
uma bronca por comportamento negativo. Esse comportamento geralmente quer dizer
que eu estou atrapalhado com sistemas sensoriais desorganizados, não posso
comunicar meus desejos ou necessidades ou não entendo o que se espera de mim.
Olhe além do meu comportamento para encontrar a fonte da minha resistência.
Anote o que aconteceu antes do comportamento: as pessoas envolvidas, hora do
dia, ambiente. Um padrão emerge depois de um período de tempo.
2. Nunca presuma nada. Sem apoio de fatos uma suposição
é apenas uma suposição. Posso não saber ou não entender as regras. Posso ter
ouvido as instruções, mas não ter entendido. Talvez eu soubesse ontem, mas não
consigo me lembrar de hoje. Pergunte a si mesmo: Você tem certeza que eu
realmente sei como fazer o que você está me pedindo? Se de repente eu preciso
correr para o banheiro cada vez que preciso fazer uma folha de matemática,
talvez eu não saiba como fazer ou tema que meu esforço não seja o suficiente.
Fique comigo durante repetições suficientes da
tarefa até que eu me sinta competente. Eu
posso precisar de mais prática para dominar as tarefas que outras crianças. Você
tem certeza que eu realmente conheço as regras? Eu entendo a razão para a regra
(segurança, economia, saúde)? Estou quebrando a regra porque há uma causa? Talvez eu tenha pegado um pedaço do meu lanche
antes da hora porque eu estava preocupado em terminar meu projeto de ciências,
não tomei o café da manhã e agora estou morto de fome.
3. Procure primeiro por problemas sensoriais. Muitos
de meus comportamentos de resistência vêm de desconforto sensorial. Um exemplo
é luz fluorescente, que foi demonstrado muitas vezes ser um problema para
crianças como eu.
O som que ela produz é muito perturbador para minha
audição supersensível e o piscar da luz pode distorcer minha percepção visual,
fazendo com os objetos pareçam estar se movimentando. Uma luz incandescente ou
as novas luzes econômicas na minha carteira vai reduzir o piscar.
Ou talvez eu precise sentar mais perto de você; não
entendo o que você está dizendo por que há muitos sons “entre nós” – o cortador
de grama lá fora, a Maria conversando com a Lurdes, cadeiras arrastadas, o som
do apontador. Peça à terapeuta ocupacional da escola para dar algumas ideias
sensoriais que sejam boas para todas as crianças, não só para mim.
4. Dê um intervalo para auto regulação antes que eu
precise dele
Um canto quieto com carpete, algumas almofadas livros e fones de ouvido me dão um lugar para me afastar quando preciso me reorganizar sem ser distante demais que eu não possa voltar para o fluxo de atividades da classe de forma tranquila.
Um canto quieto com carpete, algumas almofadas livros e fones de ouvido me dão um lugar para me afastar quando preciso me reorganizar sem ser distante demais que eu não possa voltar para o fluxo de atividades da classe de forma tranquila.
5. Diga o que você quer que eu faça de forma
positiva ao invés de imperativa
“Você deixou uma bagunça na pia!” é apenas a afirmação de um fato para mim. Não sou capaz de concluir que o que você realmente quer dizer é:, ”por favor, lave a sua caneca de tinta e ponha as toalhas de papel no lixo”. Não me faça adivinhar ou ter de descobrir o que eu devo fazer.
“Você deixou uma bagunça na pia!” é apenas a afirmação de um fato para mim. Não sou capaz de concluir que o que você realmente quer dizer é:, ”por favor, lave a sua caneca de tinta e ponha as toalhas de papel no lixo”. Não me faça adivinhar ou ter de descobrir o que eu devo fazer.
6. Tenha uma expectativa razoável. Uma reunião de
todas as crianças no ginásio de esportes e alguém falando sobre a venda de
balas é desconfortável e sem significado para mim. Talvez fosse melhor eu ir
ajudar a secretária a grampear o jornalzinho.
7. Ajude-me a fazer a transição entre atividades. Leva
um pouco mais de tempo para eu fazer o planejamento motor de ir de uma
atividade para outra. Dê-me um aviso de que faltam cinco minutos, depois dois,
antes de mudar de atividade.
– e inclua alguns minutos extras no final para compensar.
Um relógio, com o mostrador simples ou um “timer” na minha carteira pode me dar
uma dica visual sobre o tempo para a próxima mudança e me ajudar a lidar com o
tempo mais independentemente.
8. Não torne pior uma situação ruim. Sei que embora
você seja um adulto maduro às vezes você pode tomar decisões ruins no calor do
momento. Eu realmente não tenho a intenção de ter uma crise, mostrar raiva ou
atrapalhar a classe de qualquer outra forma. Você pode me ajudar a encerrar
mais rapidamente não respondendo com um comportamento inflamatório.
Conscientize-se de que estes comportamentos prolongam ao invés de resolver a
crise:
Aumentar o volume ou tom de voz. Eu escuto os
gritos, mas não as palavras.
Imitar ou caçoar de mim. Sarcasmo, insultos ou apelidos não me deixam sem graça e não mudam meu comportamento. Fazer acusações sem provas. Adotar uma medida difere dado e outros. Comparar com um irmão ou outro aluno. Lembrar episódios prévios ou não relacionados. Colocar-me em uma categoria (“crianças como você são todas iguais)”.
Imitar ou caçoar de mim. Sarcasmo, insultos ou apelidos não me deixam sem graça e não mudam meu comportamento. Fazer acusações sem provas. Adotar uma medida difere dado e outros. Comparar com um irmão ou outro aluno. Lembrar episódios prévios ou não relacionados. Colocar-me em uma categoria (“crianças como você são todas iguais)”.
9. Critique gentilmente. Seja honesta – você gosta
de aceitar crítica construtiva? A maturidade e autoconfiança de ser capaz de
fazer isso podem estar muito distantes das minhas habilidades atuais. Você não
deveria me corrigir nunca? Lógico que sim. Mas faça-o gentilmente, de modo que
eu realmente consiga ouvir você. Por favor! Nunca, nunca imponha correções ou
disciplina quando estou bravo, frustrado, super-estimulado, ansioso, “ausente”
ou de qualquer outra forma que me incapacite a interagir com você.
Lembre-se que vou reagir mais à qualidade de sua
voz do que às palavras. Vou ouvir a gritaria e o aborrecimento, mas não vou
entender as palavras e consequentemente não conseguirei descobrir o que fiz de
errado. Fale em tom baixo e abaixe-se para falar comigo, de modo que esteja
falando comigo no mesmo nível.
Ajude-me a entender o comportamento inadequado de
forma que me apoie me ajude a resolver o problema ao invés de punir ou me dar uma
bronca. Ajude-me a descobrir os sentimentos que despertaram o comportamento.
Posso dizer que estava bravo, mas talvez estivesse com medo, frustrado, triste
ou com ciúmes.
Tente descobrir mais que a minha primeira resposta.
Ajuda quando você está modelando comportamento adequado para responder à crítica.
10. Ofereça escolhas reais apenas escolhas reais. Não
me ofereça uma escolha ou pergunte “você quer…?” a menos que esteja disposto a
aceitar não como resposta. “Não” pode ser minha resposta honesta para “Você
quer ler em voz alta agora?” ou “você quer usar a tinta junto com o Pedro?” É
difícil confiar em alguém quando as escolhas não são realmente escolhas. Você
aceita com naturalidade o número enorme de escolhas que faz diariamente.
Constantemente escolhe uma opção sobre outras
sabendo que ter escolhas e ser capaz de escolher lhe dá controle sobre sua vida
e futuro. Para mim, escolhas são muito mais limitadas, e é por isso que pode
ser difícil ter confiança em mim mesmo. Dar-me escolhas frequentes me ajuda a
me envolver mais ativamente na minha vida diária. Sempre que possível, ofereça
uma escolha dentro do que tenho de fazer. Ao invés de dizer: “escreva seu nome
e data no alto da página” diga: você gostaria de escrever primeiro o nome ou a
data? Ou “qual você gostaria de escrever primeiro: letras ou números?”. A
seguir diga: “você vê como o Paulo está escrevendo o nome no papel?”
Dar escolhas me ajuda a aprender comportamento
adequado, mas também preciso entender que há horas em que você não pode
escolher. Quando isso acontecer, não ficarei tão frustrado se eu entender o por
que:
“não posso deixar você escolher nesta situação
porque é perigoso. Você pode se machucar.”
“não posso dar essa escolha porque atrapalharia o
Sérgio” (teria um efeito negativo sobre outra criança). “eu lhe dou muitas
escolhas, mas desta vez tem de ser a escolha do adulto.” A última palavra:
acredite. Henry Ford disse: “quer você acredite que pode ou que não pode
geralmente você está certo”. Acredite que você pode fazer uma diferença para
mim. É preciso acomodação e adaptação, mas autismo é um distúrbio não pré-fixado.
Não há limites superiores inerentes para aquisições. Posso sentir muito mais
que posso comunicar e a coisa que mais posso perceber é se você acredita ou não
que “eu posso”.
Espere mais e você receberá mais. Incentive-me a
ser tudo que posso ser, de modo que possa seguir o caminho muito depois de já
ter saído de sua classe.
Por Ellen Notbohn traduzida por Heloiza Goodrich.
Em dezembro de 2011 foi lançado o documentário
canadense Autism Enigma, na rede CBC de televisão, com o propósito de
investigar e divulgar o trabalho de um grupo de cientistas empenhados em
estudar o autismo de forma sistêmica com origem microbiana.
As entrevistas com estes cientistas para a produção
do documentário foram transcritas e, as traduções feitas por mim, estão sendo
disponibilizadas aqui no blog. Já postei a
entrevista feita com o Prof. Jeremy Nicholson.
Hoje disponho a entrevista do Dr. Sidney
Finegold, autoridade mundial em biologia de bactérias
anaeróbicas e grande conhecedor de doenças produzidas por estes micros
organismos. Com mais de 60 anos de carreira, sua reputação é reconhecida
mundialmente.
Professor emérito de medicina, microbiologia,
imunologia e genética molecular da UCLAS choolof Medicine. Atualmente seu foco
de trabalho está no papel de bactérias intestinais no autismo; diarreia e
colites associadas a antibióticos; e no papel das bactérias intestinais em
doenças autoimunes. Ele descobriu que esporos de clostridia se encontram em
grandes quantidades em pacientes autistas o que o levou a exploração de espécies
bacterianas no autismo e, mais recentemente, a descoberta de uma cepa crucial
para a desordem.
Quanto
tempo tem sua carreira em microbiologia?
Bem, meu primeiro artigo foi
publicado em 1951. Foi com base no trabalho que fiz como estudante de medicina
no final dos anos 40 e finalmente tinha dados suficientes para publicá-lo em
51. E nesse ponto, eu e minha esposa e outro estudante de medicina todos
concordaram em tomar alguns antibióticos para ver qual seria o impacto sobre a
flora intestinal, e então documentamos mudanças, mesmo com as técnicas rudes
disponíveis naquele momento.
Então eu tenho estado no meio
desde essa época. Nossa 1ª pesquisa com anaeróbios entrou pela primeira
vez na nossa coleção em 1957, mas nós estávamos trabalhando com eles por vários
anos antes disso.
Quando
você começou a fazer uma conexão entre bactérias intestinais e autismo?
Em 1998, eu recebi um
telefonema do Dr. Richard Sandler em Chicago. Ele é um gastroenterologista
pediátrico, e ele tinha visto o filho autista de uma senhora chamado Ellen
Bolte.
Ela tinha feito um trabalho
notável de revisão da literatura médica sobre o autismo e doenças relacionadas,
e concluiu que esta poderia muito bem ser uma infecção bacteriana. E ela
pensou que o melhor exemplo disso era o botulismo infantil, onde o organismo
cresce no intestino do bebê, produz a toxina que é absorvida. Ela vai para
o sistema nervoso central e produz a doença.
Isso está em contraste com o
tipo mais comum de botulismo onde comemos um alimento e é contaminado com a
toxina do organismo e não há envolvimento do intestino em tudo. A doença
ocorre diretamente.
Então, ela tinha recomendado
ao Dr. Sandler que ele tratasse seu filho com vancomicina oral, o raciocínio
seria que esta droga iria ser ativa contra o tipo de organismo que poderia
estar causando a doença, e que seria um grupo Clostridia. Eles são
Gram-positivos e a vancomicina é particularmente ativa contra organismos
Gram-positivos.
Então, ele concordou em fazer
isso e a criança teve uma melhora dramática, começando dentro de alguns dias e
persistindo por seis semanas enquanto ele ainda usava a droga.
Isto envolveu a melhoria nas habilidades de
linguagem. Ele realmente não tinha nenhuma linguagem de antemão, mas ele
pegou algumas palavras e até mesmo começou a encadear sentenças no final, como:
"Não, mamãe, eu gostaria
desse." Ele era muito mais maleável. Ele ouvia as pessoas e
respondia. Ele olhava para as pessoas, o que era bastante diferente do seu
comportamento usual.
Ele não tinha mais qualquer
acesso de raiva e geralmente era uma criança muito melhor, quase normal.
Que
impacto ou só de antibióticos repetidamente tem em bactérias dointesti?
Os antibióticos têm um impacto
sobre a flora intestinal. Praticamente todos eles têm. Alguns, quando
administrados sistemicamente, não entram no intestino, de modo que não
deveriam, mas a maioria dos antibióticos, mesmo administrados sistemicamente, é
secretada no intestino, em certa medida.
Assim, praticamente todo o
tempo que nós usamos antibióticos, um dos problemas menos conhecidos é que eles
têm impacto na flora intestinal. Estamos descobrindo mais e mais nos últimos
anos, que a flora intestinal faz uma série de coisas incríveis para o
corpo.
Nossa imunidade inata é
desenvolvida em virtude da exposição a partir de bactérias que vivem no
intestino. E sabemos agora que pelo menos algumas formas de obesidade estão
relacionadas com alterações na flora bacteriana normal. Nós não sabemos se
os antibióticos estão envolvidos nesse problema em particular, mas certamente
parecem estar no autismo e claramente estão na colite dificile associada ao Clostridium. Assim, você tem um
complemento normal de organismos em seu intestino. Ela varia de acordo com
sua dieta e se você tiver um problema no sistema imunológico.
Se o seu sistema imunológico não está totalmente eficaz seja por
problemas genéticos ou, mais comumente, por toxinas no ambiente, então você não
é capaz de controlar as bactérias que saem do intestino para outras partes do
corpo, como você faria se você tivesse um sistema imune normal.
Então, nós temos esse tipo de
conhecimento, e em cima disso, nós sabemos que estas crianças são suscetíveis a
infecções de ouvido, provavelmente também suscetíveis a outros tipos de
infecção. E assim, eles recebem antibióticos, e os antibióticos para esse
tipo de infecção, infecções de ouvido, têm um impacto significativo sobre a flora
intestinal e tendem a selecionar certos organismos enquanto eles suprimem
grande parte do resto da flora. E os organismos que tendem a persistir são
Clostridia, o que é o caso da colite por Clostridium Dificile.
E achamos que conta ou
contribui para o problema no autismo também. Talvez não devido a
Clostridia especificamente. Trabalhos recentes sugerem que há outro organismo
que é muito mais importante.
O
que é este nova bactéria que você está estudando e como ela se relaciona com o
autismo?
É uma espécie bastante
diferente da Clostridia. É Gram-negativa, em vez de ser
Gram-positiva. Não produz esporos, mas é um organismo muito
virulento. Temos visto isso ao longo dos anos em infecções graves, como
envenenamento do sangue.
Então, nós conhecemos o organismo,
mas é difícil de cultivá-lo e fazê-lo crescer. Assim, os laboratórios como
o nosso e muitos outros que trabalharam com anaeróbios por anos podem trabalhar
mais e acaba por ser importante no autismo.
Descobrimos isso quando
algumas das mais difíceis e detalhadas abordagens moleculares para estudar a
flora intestinal se tornaram disponíveis. Então, isto permite que você
encontre pelo menos 1.000 diferentes organismos por grama de conteúdo fecal,
enquanto que com as velhas técnicas, você poderia, eventualmente, encontrar 300
espécies diferentes. E agora, há rumores de que pode haver tantos quantos
10.000. Então, essa é uma ferramenta muito poderosa e ao usá-la,
descobrimos que a flora de crianças autistas é basicamente bem diferente
daquela de crianças do grupo controle normal.
O
organismo de interesse está em uma espécie chamada Proteobacteria. Nossos
estudos sugerem que Desulfovibrio, uma das Proteobactérias, pode ser importante no
autismo porque ela foi vista com alguma frequência, em cerca de 50% dos
pacientes com autismo, mas em nenhum dos pacientes controles.
Agora, Desulfovibrio, como o nome
sugere, metaboliza composto de sulfato, como um sulfato de hidrogênio. A
bactéria desulfata este composto e, você termina com sulfito de hidrogênio como
o principal produto metabólico. Sulfito de hidrogênio é principalmente um
composto tóxico, conhecido há séculos, na verdade, mas não conhecido por ser
importante em relação às bactérias. Então, isso pode ser um mecanismo de
sua ação. Além disso, a parede celular do organismo, Desulfovibrio, contém uma
potente endotoxina, e endotoxinas são conhecidas por serem muito prejudiciais
para as pessoas, e em modelos animais também. E provavelmente existem
outros fatores que são responsáveis por sua virulência.
Onde
o Desulfovibrio é encontrado e como poderia entrar no corpo?
É encontrado no meio ambiente. Ele gosta do ambiente em torno dos poços de
petróleo, por exemplo.
E é como um produtor de toxina
poderosa que o pessoal do petróleo está preocupado porque ele corrói o metal em
seus aparelhos e é uma praga real para eles. Nós os ingerimos com certos
alimentos, carnes, especialmente carnes cozidas. E assim, ele é encontrado
em baixo número na flora normal de, provavelmente, metade das pessoas. Mas,
novamente, depende da dieta, no Reino Unido, onde, provavelmente, eles comem
mais carne do que nós, eles têm maior contagem em indivíduos normais de Desulfovibrio.
Se você tomar antibióticos
para a profilaxia ou tratamento de infecções, e se você tomar alguns que são
ativos contra elementos comuns da flora normal do intestino, mas não ativos
contra o Desulfovibrio e
isso acontece com a maioria dos compostos, antibióticos compostos, então
você tende a deixar o Desulfovibrio livre. Assim ele
obtém vantagens e produz mais toxinas e, em seguida, você pode desenvolver a
doença dessa forma.
Quetipodeautismovocêestáestudando?
Autismo regressivo é o tipo
que nós trabalhamos com exclusividade. Como o nome sugere, essas crianças
se desenvolvem normalmente até cerca de 20 meses de idade, e então eles começam
a andar para trás. Eles perdem suas habilidades sociais. Eles não são
calorosos e amigáveis com seus pais. Eles não mantêm contato com os
olhos. Eles têm dificuldade com as outras crianças da mesma idade.
Eles têm problemas
gastrointestinais que muitas vezes são bastante surpreendentes e pode ser a
principal característica de sua doença. Estes incluem a distensão
abdominal, dor abdominal. A constipação é um problema principal, mas nem
sempre abertamente óbvio. Eles podem ter as chamadas diarréias
compensatórias, tentando livrar-se da obstrução da constipação. E eles, em
casos extremos, podem bater a cabeça contra a parede; serem muito prejudiciais
para si mesmos, para seus companheiros e irmãos, e atémesmoseuspais.
Por que
Clostridia e Desulfovibrio são importantes no autismoregressivo?
Bem, em primeiro lugar, essas
crianças só são suscetíveis ao autismo até a idade de quatro
anos. Qualquer pessoa que tem autismo suspeito após quatro anos de idade,
a menos que eles começaram antes da idade de quatro, não é autismo, é outra
coisa. Então, você tem que ter um sistema nervoso central que está sendo
desenvolvido, em um determinado estágio crítico. Então, você tem que ter
comprometimento do sistema imunológico. Isto pode ser em uma base
genética, mas pensamos muito mais comumente ser devido a toxinas
ambientais.
Então, o palco está definido
e, em seguida, a bactéria entra na criança quando os antibióticos são dados, de
forma adequada ou inadequadamente. E o cenário típico para que isso
aconteça é quando a criança desenvolve uma infecção no ouvido. Se
um antibiótico beta-lactâmico, como penicilina ou uma cefalosporina, é dada,
que elimina certas partes da flora intestinal, isso cria um nicho para
organismos como Desulfovibrio e
Clostridia crescerem a um maior número onde produzem toxinasuficiente para
causara doença.
Quais
são as razões para se perguntar se essa condição pode ser de alguma forma "infecciosa"?
Sim, isso leva a consideração
de como essas doenças se espalham de um para outro e por que a incidência de
autismo está aumentando tanto, e porque a C. difficile colite é um grande
problema nos hospitais. Então, vamos começar com a C. difficile colite
como o modelo. O paciente chega com Clostridium difficile. Mais uma vez, pode
estar presente como flora normal. Parece ser o caso em cerca de 3% dos
adultos.
Mas achamos que tem sido muito
bem estabelecido agora com a C. difficile colite que quando o organismo
contamina o ambiente de um hospital, é um grande problema e é responsável por
propagar-se de paciente para paciente. Clostridium difficile, quando é
exposto a antibióticos, tenta se proteger. Ele faz isso através da
conversão de células bacterianas vegetativas na forma de esporos, onde podem
resistir a qualquer coisa aquém de autoclavagem. Então, nós demonstramos
esporos do Clostridium difficile no chão de um quarto de hospital que foi limpo
após o paciente ir embora e ficar vazios por mais de um mês, e nós ainda éramos
capazes de achar culturas de C. difficile.
Eles sabiam que o estudo
estava sendo realizado, de modo que a faxineira tentou fazer um trabalho extra
na boa limpeza, e ainda assim podemos encontrá-los. Eu acho que o mesmo
tipo de coisa está acontecendo no caso do autismo com o Desulfobrivio, mas ainda
precisa ser documentado.
Esse organismo não é um
formador de esporos, mas têm outros mecanismos, várias enzimas que o protegem
contra a exposição quanto ao oxigênio e outras influências deletérias. Então, Desulfovibrio podeviver
no ambiente por meses a fio em seu estado vegetativo até que as condições sejam
melhoradas e tenha a oportunidade de sobreviver e se multiplicar.
Como
o trabalho do Dr. MacFabe se relaciona com o seu?
Nós não temos a conexão
completa que temos de ser capazes para dizer que o trabalho do Dr. MacFabe se
encaixa como chave e fechadura com o que estamos fazendo, mas parece uma
possibilidade provável. Dr. MacFabe pega certos compostos que são
subprodutos da atividade de bactérias no intestino, nós os chamamos de cadeia
curta de ácidos graxos e injeta-as no cérebro de ratos o que leva a um conjunto
de sintomas e achados que são características do que vemos no autismo em
humanos. Então, pode ser um modelo animal muito bom para nós, e de modo
que seria muito útil.
A pesquisa seria acelerada
consideravelmente se soubéssemos que um modelo animal é confiável e que
poderíamos fazer um monte de manipulação das bactérias no intestino de ratos e
economizar tempo em termos de chegar com respostas que se aplicam aos seres
humanos.
Agora, a Clostridia realmente
produz alguns dos compostos que o Dr. MacFabe usa em seu modelo e a Desulfovibrionão, mas ela faz
isso de uma forma indireta. Em outras palavras, não produz esses compostos
em si, mas leva a sua produção de uma forma indireta. Assim, ambas as coisas se
encaixam com sua hipótese e como seu modelo animal.
Você
pode comentar sobre a conexão dessas bactérias com os alimentos que comemos?
Bem, acho que estamos
começando a apreciar que a dieta é extremamente importante. Tem um impacto definitivo
sobre a flora intestinal e o impacto pode ser bom ou ruim, dependendo da
dieta. Acho que precisamos estudá-la ainda mais, mas houve um estudo feito
onde os sujeitos, os voluntários que não estavam doentes, concordaram em
ingerir várias dietas diferentes com intervalos entre elas e tudo que
escolheram para comer normalmente.
O que mostrou concordância
clara com uma dieta rica em carne no conteúdo, carne cozida, e crescimento
de Desulfovibrio.
Então, eu acho que isso é uma
vantagem importante. Além disso, outros têm encontrado ao longo dos anos
que determinadas dietas beneficiam as crianças autistas. Há a dieta sem
glúten e sem caseína, que é difícil de fazer, demorada e cara, mas muitas
crianças autistas melhoram às vezes de forma significativa com essa
dieta. Há também a dieta de carboidratos específicos, que é ainda mais
difícil de fazer e mais cara, e que é útil para outras crianças autistas.
O filho de Ellen Bolte
que citamos aqui, por exemplo, não respondeu a dieta sem glúten e sem leite,
mas respondeu bem à dieta de carboidratos específicos.
O
que você acha sobre o futuro da pesquisa das bactérias intestinais e sua
relação como autismo?
Nós achamos que as bactérias
são muito importantes no autismo, como eu mencionei e, sabendo o que as
bactérias fazem em outras circunstâncias, é fácil visualizar a disseminação
dessas bactérias entre irmãos de crianças autistas. E nós vemos agora mais
casos múltiplos nas famílias do que víamos antes e um aumento da frequência de
autismo, provavelmente por causa da disseminação desses organismos, através do
ambiente e até mesmo a transferência direta de uma pessoa para outra. A
coisa mais encorajadora sobre tudo isso é que sabemos muito sobre as bactérias
e, se soubermos com certeza que as bactérias estão envolvidas no autismo,
teremos formas de combatê-las.
Sabendo o que sabemos sobre as
bactérias, podemos visualizar uma vacina que poderia ser dada por via
oral. Seria muito bem tolerada em todos os aspectos e construiria
anticorpos em outras partes do sistema imunológico que combatem Clostridia e Desulfovibrio, e
poderiam não só controlá-la uma vez já estabelecida, mas poderia
impedi-la inteiramente. Assim, poderá chegar o dia que teremos uma vacina
que poderia ser dada como qualquer outra vacina como a da pólio, por exemplo,
para impedir totalmente a doença e eliminá-la.
Mas, além da espera para a
vacina, podemos estar trabalhando no desenvolvimento dessas bactérias boas que
nós conhecemos. E não sabemos o suficiente sobre elas, por isso temos de
fazer mais pesquisas. Mas temos coisas chamadas probióticos. E você
vai ouvir e ver um monte de anúncios para este ou aquele iogurte, que
supostamente são bons e complementados com muitos probióticos.
Você dificilmente pode comprar
sorvete hoje em dia, especialmente sorvetes a base de iogurte, sem adição
destas coisas. Isso porque é uma boa publicidade. Mas a formação
científica, não é sólida. Não há pesquisas para provar que esses alimentos
podem fazer algo de bom para o autismo, por exemplo.
Mas existem maneiras de
colocar boas bactérias de volta para lutar contra as más, e assim que tivermos
pesquisas feitas suficientes para saber quais determinados tipos de bactérias,
e subtipos, são absolutamente as boas, sem um tiro pela culatra em nós, então
poderíamos colocá-las em probióticos.
Não muito
tempo atrás às pessoas pensava que o autismo era uma condição permanente, mas,
agora, há sugestões de que ele pode ser pelo menos, parte reversível?
A reversibilidade do autismo é
uma proposição muito emocionante. Como indiquei, crianças que tiveram por
até um ano ou mais, dentro de 2-3 semanas de antibioticoterapia estão muito
melhores, e é dentro desta possibilidade que podemos manter a melhoria e levá-la
a todo o caminho de volta para uma criança normal se tratarmo-as
precocemente. Tem estado muito na imprensa leiga, recentemente, a
importância de diagnosticar o autismo cedo e sugestões feitas para médicos e
pais a respeito de como se pode suspeitar sobre o autismo e verificar o
diagnóstico. Tenho medo de que quando a criança ficar mais velha, quando
eles entram em sua adolescência e, principalmente, na idade adulta, poder ser
muito menos reversível.
Quanto
tempo tem sua carreira em microbiologia?
Bem, meu primeiro artigo foi
publicado em 1951. Foi com base no trabalho que fiz como estudante de
medicina no final dos anos 40 e finalmente tinha dados suficientes para
publicá-lo em 51. E nesse ponto, eu e minha esposa e outro estudante de medicina
todos concordaram em tomar alguns antibióticos para ver qual seria o impacto
sobre a flora intestinal, e então documentamos mudanças, mesmo com as técnicas
rudes disponíveis naquele momento. Então eu tenho estado no meio desde
essa época. Nossa 1ª pesquisa com anaeróbios entrou pela primeira vez na
nossa coleção em 1957, mas nós estávamos trabalhando com eles por vários anos antes
disso.
Quando
você começou a fazer uma conexão entre bactérias intestinaiseautismo?
Em 1998, eu recebi um
telefonema do Dr. Richard Sandler em Chicago. Ele é um gastroenterologista
pediátrico, e ele tinha visto o filho autista de uma senhora chamado Ellen
Bolte.
Ela tinha feito um trabalho
notável de revisão da literatura médica sobre o autismo e doenças relacionadas,
e concluiu que esta poderia muito bem ser uma infecção bacteriana. E ela
pensou que o melhor exemplo disso era o botulismo infantil, onde o organismo
cresce no intestino do bebê, produz a toxina que é absorvida.
Ela vai para o sistema nervoso
central e produz a doença. Isso está em contraste com o tipo mais comum de
botulismo onde comemos um alimento e é contaminado com a toxina do organismo e
não há envolvimento do intestino em tudo. A doença ocorre diretamente.
Então, ela tinha recomendado
ao Dr. Sandler que ele tratasse seu filho com vancomicina oral, o raciocínio
seria que esta droga iria ser ativa contra o tipo de organismo que poderia
estar causando a doença, e que seria um grupo Clostridia. Eles são
Gram-positivos e a vancomicina é particularmente ativa contra organismos
Gram-positivos.
Então, ele concordou em fazer
isso e a criança teve uma melhora dramática, começando dentro de alguns dias e
persistindo por seis semanas enquanto ele ainda usava a droga.
Isto envolveu a melhoria nas
habilidades de linguagem. Ele realmente não tinha nenhuma linguagem
de antemão, mas ele pegou algumas palavras e até mesmo começou a encadear
sentenças no final, como: "Não, mamãe, eu gostaria desse." Ele era
muito mais maleável. Ele ouvia as pessoas e respondia. Ele olhava
para as pessoas, o que era bastante diferente do seu comportamento
usual. Ele não tinha mais qualquer acesso de raiva e geralmente era uma
criança muito melhor, quase normal.
Que
impacto o uso de antibióticos repetidamente tem em bactérias do intestino?
Os antibióticos têm um impacto
sobre a flora intestinal. Praticamente todos eles têm. Alguns, quando
administrados sistemicamente, não entram no intestino, de modo que não
deveriam, mas a maioria dos antibióticos, mesmo administrados sistemicamente, é
secretada no intestino, em certa medida. Assim, praticamente todo o tempo
que nós usamos antibióticos, um dos problemas menos conhecidos é que eles têm
impacto na flora intestinal.
Estamos descobrindo mais e
mais nos últimos anos, que a flora intestinal faz uma série de coisas incríveis
para o corpo. Nossa imunidade inata é desenvolvida em virtude da exposição
a partir de bactérias que vivem no intestino.
E sabemos agora que pelo menos
algumas formas de obesidade estão relacionadas com alterações na flora
bacteriana normal. Nós não sabemos se os antibióticos estão envolvidos
nesse problema em particular, mas certamente parecem estar no autismo e
claramente estão na colite dificil e associada ao Clostridium.
Assim, você tem um complemento normal de organismos em seu intestino. Ela
varia de acordo com sua dieta e se você tiver um problema no sistema
imunológico. Se o seu sistema imunológico não está totalmente eficaz seja
por problemas genéticos ou, mais comumente, por toxinas no ambiente, então você
não é capaz de controlar as bactérias que saem do intestino para outras partes
do corpo, como você faria se você tivesse um sistema imune normal.
Então, nós temos esse tipo de
conhecimento, e em cima disso, nós sabemos que estas crianças são suscetíveis a
infecções de ouvido, provavelmente também suscetíveis a outros tipos de
infecção. E assim, eles recebem antibióticos, e os antibióticos para esse
tipo de infecção, infecções de ouvido, têm um impacto significativo sobre a
flora intestinal e tendem a selecionar certos organismos enquanto eles suprimem
grande parte do resto da flora.
E os organismos que tendem a
persistir são Clostridia, o que é o caso da colite por Clostridium
Dificile. E achamos que conta ou contribui para o problema no autismo
também. Talvez não devido a Clostridia especificamente. Trabalhos recentes
sugerem que há outro organismo queémuitomaisimportante.
O
que é este nova bactéria que você está estudando e como ela se relaciona com o autismo?
Éuma espécie bastante
diferente da Clostridia. É Gram-negativa, em vez de ser
Gram-positiva. Não produz esporos, mas é um organismo muito
virulento. Temos visto isso ao longo dos anos em infecções graves, como
envenenamento do sangue.
Então, nós conhecemos o
organismo, mas é difícil de cultivá-lo e fazê-lo crescer. Assim, os
laboratórios como o nosso e muitos outros que trabalharam com anaeróbios por
anos podem trabalhar mais e acaba por ser importante no autismo. Descobrimos
isso quando algumas das mais difíceis e detalhadas abordagens moleculares para
estudar a flora intestinal se tornaram disponíveis.
Então, isto permite que você
encontre pelo menos 1.000 diferentes organismos por grama de conteúdo fecal,
enquanto que com as velhas técnicas, você poderia, eventualmente, encontrar 300
espécies diferentes. E agora, há rumores de que pode haver tantos quantos
10.000. Então, essa é uma ferramenta muito poderosa e ao usá-la,
descobrimos que a flora de crianças autistas é basicamente bem diferente
daquela de crianças do grupo controle normal.
O
organismo de interesse está em uma espécie chamada Proteobacteria. Nossos
estudos sugerem que Desulfovibrio, uma das Proteobactérias, pode ser importante no
autismo porque ela foi vista com alguma frequência, em cerca de 50% dos
pacientes com autismo, mas em nenhum dos pacientes controles.
Agora, Desulfovibrio, como o nome
sugere, metaboliza composto de sulfato, como um sulfato de hidrogênio. A
bactéria desulfata este composto e, você termina com sulfito de hidrogênio como
o principal produto metabólico. Sulfito de hidrogênio é principalmente um
composto tóxico, conhecido há séculos, na verdade, mas não conhecido por ser
importante em relação às bactérias. Então, isso pode ser um mecanismo de
sua ação. Além disso, a parede celular do organismo, Desulfovibrio, contém uma potente
endotoxina, e endotoxinas são conhecidas por serem muito prejudiciais para as
pessoas, e em modelos animais também. E provavelmente existem outros
fatores que são responsáveis por sua virulência.
Onde
o Desulfovibrio é encontrado e como poderia entrar no corpo?
É encontrado no meio
ambiente. Ele gosta do ambiente em torno dos poços de petróleo, por
exemplo. E é como um produtor de toxina poderosa que o pessoal do petróleo
está preocupado porque ele corrói o metal em seus aparelhos e é uma praga real
para eles.
Nós os ingerimos com certos
alimentos, carnes, especialmente carnes cozidas. E assim, ele é encontrado
em baixo número na flora normal de, provavelmente, metade das
pessoas. Mas, novamente, depende da dieta, no Reino Unido, onde,
provavelmente, eles comem mais carne do que nós, eles têm maior contagem em
indivíduos normais de Desulfovibrio. Se você tomar
antibióticos para a profilaxia ou tratamento de infecções, e se você tomar
alguns que são ativos contra elementos comuns da flora normal do intestino, mas
não ativos contra o Desulfovibrio e isso acontece com a
maioria dos compostos, antibióticos compostos, então você tende a deixar
o Desulfovibrio livre. Assim
ele obtém vantagens e produz mais toxinas e, em seguida, você pode desenvolver
a doença dessaforma.
Que
tipo de autismo você está estudando?
Autismo regressivo é o tipo
que nós trabalhamos com exclusividade. Como o nome sugere, essas crianças
se desenvolvem normalmente até cerca de 20 meses de idade, e então eles começam
a andar para trás.
Eles perdem suas habilidades
sociais. Eles não são calorosos e amigáveis com seus pais. Eles não
mantêm contato com os olhos. Eles têm dificuldade com as outras crianças
da mesma idade. Eles têm problemas gastrointestinais que muitas vezes são
bastante surpreendentes e pode ser a principal característica de sua
doença. Estes incluem a distensão abdominal, dor abdominal.
A constipação é um problema
principal, mas nem sempre abertamente óbvio. Eles podem ter as chamadas
diarréias compensatórias, tentando livrar-se da obstrução da constipação. E
eles, em casos extremos, podem bater a cabeça contra a parede; serem muito
prejudiciais para si mesmos, para seus companheiros e irmãos, e até mesmo seus pais.
Por
que Clostridia e Desulfovibrio são importantes no autismoregressivo?
Bem, em primeiro lugar, essas
crianças só são suscetíveis ao autismo até a idade de quatro anos. Qualquer
pessoa que tem autismo suspeito após quatro anos de idade, a menos que eles
começaram antes da idade de quatro, não é autismo, é outra coisa. Então,
você tem que ter um sistema nervoso central que está sendo desenvolvido, em um
determinado estágio crítico. Então, você tem que ter comprometimento do
sistema imunológico. Isto pode ser em uma base genética, mas pensamos
muito mais comumente ser devido a toxinas ambientais. Então, o palco está
definido e, em seguida, a bactéria entra na criança quando os antibióticos são
dados, de forma adequada ou inadequadamente. E o cenário típico para que
isso aconteça é quando a criança desenvolve uma infecção no ouvido.
Se um antibiótico
beta-lactâmico, como penicilina ou uma cefalosporina, é dada, que elimina
certas partes da flora intestinal, isso cria um nicho para organismos
como Desulfovibrio e
Clostridia crescerem a um maior número onde produzem toxinasuficiente para
causar a doença.
Quais
são as razões para se perguntar se essa condição pode ser de alguma forma "infecciosa"?
Sim, isso leva a consideração
de como essas doenças se espalham de um para outro e por que a incidência de
autismo está aumentando tanto, e porque a C. difficile colite é um grande
problema nos hospitais. Então, vamos começar com a C. difficile colite
como o modelo. O paciente chega com Clostridium difficile. Mais uma vez,
pode estar presente como flora normal.
Parece ser o caso em cerca de
3% dos adultos. Mas achamos que tem sido muito bem estabelecido agora com a
C. difficile colite que quando o organismo contamina o ambiente de um hospital,
é um grande problema e é responsável por propagar-se de paciente para
paciente. Clostridium difficile, quando é exposto a antibióticos, tenta se
proteger. Ele faz isso através da conversão de células bacterianas
vegetativas na forma de esporos, onde podem resistir a qualquer coisa aquém de
autoclavagem.
Então, nós demonstramos
esporos do Clostridium difficile no chão de um quarto de hospital que foi limpo
após o paciente ir embora e ficar vazios por mais de um mês, e nós ainda éramos
capazes de achar culturas de C. difficile. Eles sabiam que o estudo estava
sendo realizado, de modo que a faxineira tentou fazer um trabalho extra na boa
limpeza, e ainda assim podemos encontrá-los.
Eu acho que o mesmo tipo de
coisa está acontecendo no caso do autismo com o Desulfobrivio, mas ainda
precisa ser documentado. Esse organismo não é um formador de esporos, mas
tem outros mecanismos, várias enzimas que o protegem contra a exposição ao
oxigênio e outras influências deletérias.
Então, Desulfovibrio pode viver
no ambiente por meses a fio em seu estado vegetativo até que as condições sejam
melhoradas e tenha a oportunidade de sobreviver e se multiplicar.
Como
o trabalho do Dr. MacFabe se relaciona com o seu?
Nós não temos a conexão
completa que temos de ser capazes para dizer que o trabalho do Dr. MacFabe se
encaixa como chave e fechadura com o que estamos fazendo, mas parece uma
possibilidade provável. Dr. MacFabe pega certos compostos que são subprodutos
da atividade de bactérias no intestino, nós os chamamos de cadeia curta de
ácidos graxos e injeta-as no cérebro de ratos o que leva a um conjunto de
sintomas e achados que são características do que vemos no autismo em
humanos.
Então, pode ser um modelo animal
muito bom para nós, e de modo que seria muito útil. A pesquisa seria
acelerada consideravelmente se soubéssemos que um modelo animal é confiável e
que poderíamos fazer um monte de manipulação das bactérias no intestino de
ratos e economizar tempo em termos de chegar com respostas que se aplicam aos
seres humanos. Agora, a Clostridia realmente produz alguns dos compostos
que o Dr. MacFabe usa em seu modelo e a Desulfovibrionão, mas ela faz
isso de uma forma indireta. Em outras palavras, não produz esses compostos
em si, mas leva a sua produção de uma forma indireta. Assim, ambas as coisas se
encaixam com sua hipótese e com o seu modelo animal.
Você
pode comentar sobre a conexão dessas bactérias com os alimentos que comememos?
Bem, acho que estamos começando
a apreciar que a dieta é extremamente importante. Tem um impacto definitivo
sobre a flora intestinal e o impacto pode ser bom ou ruim, dependendo da
dieta. Acho que precisamos estudá-la ainda mais, mas houve um estudo feito
onde os sujeitos, os voluntários que não estavam doentes, concordaram em
ingerir várias dietas diferentes com intervalos entre elas e tudo que
escolheram para comer normalmente.
O que mostrou concordância
clara com uma dieta rica em carne no conteúdo, carne cozida, e crescimento
de Desulfovibrio. Então,
eu acho que isso é uma vantagem importante. Além disso, outros têm
encontrado ao longo dos anos que determinadas dietas beneficiam as crianças
autistas. Há a dieta sem glúten e sem caseína, que é difícil de fazer,
demorada e cara, mas muitas crianças autistas melhoram às vezes de forma
significativa com essa dieta.
Há também a dieta de
carboidratos específicos, que é ainda mais difícil de fazer e mais cara, e que
é útil para outras crianças autistas. O filho de Ellen Bolte que citamos
aqui, por exemplo, não respondeu a dieta sem glúten e sem leite, mas respondeu
bem à dieta de carboidratos específicos.
O
que você acha sobre o futuro da pesquisa das bactérias intestinais e sua
relação como autismo?
Nós achamos que as bactérias são
muito importantes no autismo, como eu mencionei e, sabendo o que as bactérias
fazem em outras circunstâncias, é fácil visualizar a disseminação dessas
bactérias entre irmãos de crianças autistas.
E nós vemos agora mais casos
múltiplos nas famílias do que víamos antes e um aumento da frequência de
autismo, provavelmente por causa da disseminação desses organismos, através do
ambiente e até mesmo a transferência direta de uma pessoa para outra. A
coisa mais encorajadora sobre tudo isso é que sabemos muito sobre as bactérias
e, se soubermos com certeza que as bactérias estão envolvidas no autismo,
teremos formas de combatê-las.
Sabendo o que sabemos sobre as
bactérias, podemos visualizar uma vacina que poderia ser dada por via
oral. Seria muito bem tolerada em todos os aspectos e construiria
anticorpos em outras partes do sistema imunológico que combatem Clostridia e Desulfo vibrio,
e poderiam não só controlá-la uma vez já estabelecida, mas poderia impedi-la
inteiramente. Assim, poderá chegar o dia que teremos uma vacina que
poderia ser dada como qualquer outra vacina como a da pólio, por exemplo, para
impedir totalmente a doença e eliminá-la.
Mas, além da espera para a
vacina, podemos estar trabalhando no desenvolvimento dessas bactérias boas que
nós conhecemos. E não sabemos o suficiente sobre elas, por isso temos de
fazer mais pesquisas. Mas temos coisas chamadas probióticos. E você
vai ouvir e ver um monte de anúncios para este ou aquele iogurte, que
supostamente são bons e complementados com muitos probióticos. Você
dificilmente pode comprar sorvete hoje em dia, especialmente sorvetes a base de
iogurte, sem adição destas coisas. Isso porque é uma boa
publicidade.
Mas a formação científica, não
é sólida. Não há pesquisas para provar que esses alimentos podem fazer
algo de bom para o autismo, por exemplo. Mas existem maneiras de colocar
boas bactérias de volta para lutar contra as más, e assim que tivermos
pesquisas feitas suficientes para saber quais determinados tipos de bactérias,
e subtipos, são absolutamente as boas, sem um tiro pela culatra em nós, então
poderíamos colocá-las em probióticos.
Não muitos
tempos atrás às pessoas pensavam que o autismo era uma condição permanente,
mas, agora, há sugestões de que ele pode ser pelo menos, parte reversível?
A reversibilidade do autismo é
uma proposição muito emocionante. Como indiquei crianças que tiveram por
até um ano ou mais, dentro de 2-3 semanas de antibioticoterapia estão muito
melhores, e é dentro desta possibilidade que podemos manter a melhoria e
levá-la a todo o caminho de volta para uma criança normal se tratarmo-as
precocemente. Tem estado muito na imprensa leiga, recentemente, a
importância de diagnosticar o autismo cedo e sugestões feitas para médicos e
pais a respeito de como se pode suspeitar sobre o autismo e verificar o
diagnóstico. Tenho medo de que quando a criança ficar mais velha, quando
eles entram em sua adolescência e, principalmente, na idade adulta, poder ser
muito menos reversível.
Quanto
tempo tem sua carreira em microbiologia?
Bem, meu primeiro artigo foi
publicado em 1951. Foi com base no trabalho que fiz como estudante de
medicina no final dos anos 40 e finalmente tinha dados suficientes para
publicá-lo em 51. E nesse ponto, eu e minha esposa e outro estudante de
medicina todos concordaram em tomar alguns antibióticos para ver qual seria o
impacto sobre a flora intestinal, e então documentamos mudanças, mesmo com as
técnicas rudes disponíveis naquele momento. Então eu tenho estado no meio
desde essa época. Nossa 1ª pesquisa com anaeróbios entrou pela primeira
vez na nossa coleção em 1957, mas nós estávamos trabalhando com eles por vários
anos antes disso.
Quando
você começou a fazer uma conexão entre bactérias intestinais e autismo?
Em 1998, eu recebi um
telefonema do Dr. Richard Sandler em Chicago. Ele é um gastroenterologista
pediátrico, e ele tinha visto o filho autista de uma senhora chamado Ellen
Bolte.
Ela tinha feito um trabalho
notável de revisão da literatura médica sobre o autismo e doenças relacionadas,
e concluiu que esta poderia muito bem ser uma infecção bacteriana. E ela
pensou que o melhor exemplo disso era o botulismo infantil, onde o organismo
cresce no intestino do bebê, produz a toxina que é absorvida. Ela vai para
o sistema nervoso central e produz a doença. Isso está em contraste com o
tipo mais comum de botulismo onde comemos um alimento e é contaminado com a
toxina do organismo e não há envolvimento do intestino em tudo. A doença
ocorre diretamente.
Então, ela tinha recomendado
ao Dr. Sandler que ele tratasse seu filho com vancomicina oral, o raciocínio
seria que esta droga iria ser ativa contra o tipo de organismo que poderia
estar causando a doença, e que seria um grupo Clostridia. Eles são
Gram-positivos e a vancomicina é particularmente ativa contra organismos
Gram-positivos.
Então, ele concordou em fazer
isso e a criança teve uma melhora dramática, começando dentro de alguns dias e
persistindo por seis semanas enquanto ele ainda usava a droga.
Isto envolveu a melhoria nas
habilidades de linguagem. Ele realmente não tinha nenhuma linguagem
de antemão, mas ele pegou algumas palavras e até mesmo começou a encadear
sentenças no final, como: "Não, mamãe, eu gostaria desse." Ele era
muito mais maleável. Ele ouvia as pessoas e respondia. Ele olhava
para as pessoas, o que era bastante diferente do seu comportamento
usual. Ele não tinha mais qualquer acesso de raiva e geralmente era uma
criança muito melhor, quase normal.
Que
impacto o uso de antibióticos repetidamente tem em bactérias do intestino?
Os antibióticos têm um impacto
sobre a flora intestinal. Praticamente todos eles têm. Alguns, quando
administrados sistemicamente, não entram no intestino, de modo que não
deveriam, mas a maioria dos antibióticos, mesmo administrados sistemicamente, é
secretada no intestino, em certa medida. Assim, praticamente todo o tempo
que nós usamos antibióticos, um dos problemas menos conhecidos é que eles têm
impacto na flora intestinal.
Estamos descobrindo mais e
mais nos últimos anos, que a flora intestinal faz uma série de coisas incríveis
para o corpo. Nossa imunidade inata é desenvolvida em virtude da exposição
a partir de bactérias que vivem no intestino. E sabemos agora que pelo
menos algumas formas de obesidade estão relacionadas com alterações na flora
bacteriana normal. Nós não sabemos se os antibióticos estão envolvidos
nesse problema em particular, mas certamente parecem estar no autismo e
claramente estão na colite dificile associada ao Clostridium. Assim, você tem um
complemento normal de organismos em seu intestino. Ela varia de acordo com
sua dieta e se você tiver um problema no sistema imunológico.
Se o seu sistema imunológico não está totalmente eficaz seja por
problemas genéticos ou, mais comumente, por toxinas no ambiente, então você não
é capaz de controlar as bactérias que saem do intestino para outras partes do
corpo, como você faria se você tivesse um sistema imune normal. Então,
nós temos esse tipo de conhecimento, e em cima disso, nós sabemos que estas
crianças são suscetíveis a infecções de ouvido, provavelmente também
suscetíveis a outros tipos de infecção. E assim, eles recebem
antibióticos, e os antibióticos para esse tipo de infecção, infecções de
ouvido, têm um impacto significativo sobre a flora intestinal e tendem a
selecionar certos organismos enquanto eles suprimem grande parte do resto da
flora.
E os organismos que tendem a
persistir são Clostridia, o que é o caso da colite por Clostridium
Dificile. E achamos que conta ou contribui para o problema no autismo
também. Talvez não devido a Clostridia especificamente. Trabalhos recentes
sugerem que há outro organismo queémuitomaisimportante.
O
que é este nova bactéria que você está estudando e como ela se relaciona como autismo?
É uma espécie bastante
diferente da Clostridia. É Gram-negativa, em vez de ser
Gram-positiva. Não produz esporos, mas é um organismo muito
virulento. Temos visto isso ao longo dos anos em infecções graves, como
envenenamento do sangue. Então, nós conhecemos o organismo, mas é difícil
de cultivá-lo e fazê-lo crescer. Assim, os laboratórios como o nosso e
muitos outros que trabalharam com anaeróbios por anos podem trabalhar mais e
acaba por ser importante no autismo.
Descobrimos isso quando
algumas das mais difíceis e detalhadas abordagens moleculares para estudar a
flora intestinal se tornaram disponíveis. Então, isto permite que você
encontre pelo menos 1.000 diferentes organismos por grama de conteúdo fecal,
enquanto que com as velhas técnicas, você poderia, eventualmente, encontrar 300
espécies diferentes. E agora, há rumores de que pode haver tantos quantos 10.000
(Dez mil).
Então, essa é uma ferramenta
muito poderosa e ao usá-la, descobrimos que a flora de crianças autistas é
basicamente bem diferente daquela de crianças do grupo controle normal. O organismo de interesse está em uma espécie
chamada Proteobacteria. Nossos estudos sugerem que Desulfovibrio, uma das Proteobactérias, pode ser importante no
autismo porque ela foi vista com alguma frequência, em cerca de 50% dos
pacientes com autismo, mas em nenhum dos pacientes controles.
Agora, Desulfovibrio, como o nome
sugere, metaboliza composto de sulfato, como um sulfato de hidrogênio.
A bactéria desulfata este
composto e, você termina com sulfito de hidrogênio como o principal produto
metabólico. Sulfito de hidrogênio é principalmente um composto tóxico,
conhecido há séculos, na verdade, mas não conhecido por ser importante em
relação às bactérias. Então, isso pode ser um mecanismo de sua
ação. Além disso, a parede celular do organismo, Desulfovibrio, contém uma
potente endotoxina, e endotoxinas são conhecidas por serem muito prejudiciais
para as pessoas, e em modelos animais também. E provavelmente existem outros
fatores que são responsáveis por sua virulência.
Onde
o Desulfovibrio é encontrado e como poderia entrarnocorpo?
É encontrado no meio
ambiente. Ele gosta do ambiente em torno dos poços de petróleo, por
exemplo. E é como um produtor de toxina poderosa que o pessoal do petróleo
está preocupado porque ele corrói o metal em seus aparelhos e é uma praga real
para eles. Nós os ingerimos com certos alimentos, carnes, especialmente
carnes cozidas. E assim, ele é encontrado em baixo número na flora normal
de, provavelmente, metade das pessoas. Mas, novamente, depende da dieta,
no Reino Unido, onde, provavelmente, eles comem mais carne do que nós, eles têm
maior contagem em indivíduos normais de Desulfovibrio.
Se você tomar antibióticos
para a profilaxia ou tratamento de infecções, e se você tomar alguns que são ativos
contra elementos comuns da flora normal do intestino, mas não ativos contra
o Desulfovibrio e
isso acontece com a maioria dos compostos, antibióticos compostos, então
você tende a deixar o Desulfovibrio livre. Assim ele
obtém vantagens e produz mais toxinas e, em seguida, você pode desenvolver a
doença dessaforma.
Quetipodeautismovocêestáestudando?
Autismo regressivo é o tipo
que nós trabalhamos com exclusividade. Como o nome sugere, essas crianças
se desenvolvem normalmente até cerca de 20 meses de idade, e então eles começam
a andar para trás. Eles perdem suas habilidades sociais. Eles não são
calorosos e amigáveis com seus pais. Eles não mantêm contato com os
olhos. Eles têm dificuldade com as outras crianças da mesma
idade. Eles têm problemas gastrointestinais que muitas vezes são bastante
surpreendentes e pode ser a principal característica de sua doença. Estes
incluem a distensão abdominal, dor abdominal. A constipação é um problema
principal, mas nem sempre abertamente óbvio. Eles podem ter as chamadas
diarréias compensatórias, tentando livrar-se da obstrução da constipação. E
eles, em casos extremos, podem bater a cabeça contra a parede; serem muito
prejudiciais para si mesmos, para seus companheiros e irmãos, e até mesmo seus pais.
Por
que Clostridia e Desulfovibrio são importantes no autismoregressivo?
Bem, em primeiro lugar, essas
crianças só são suscetíveis ao autismo até a idade de quatro
anos. Qualquer pessoa que tem autismo suspeito após quatro anos de idade,
a menos que eles começaram antes da idade de quatro, não é autismo, é outra
coisa. Então, você tem que ter um sistema nervoso central que está sendo
desenvolvido, em um determinado estágio crítico.
Então, você tem que ter
comprometimento do sistema imunológico. Isto pode ser em uma base
genética, mas pensamos muito mais comumente ser devido a toxinas
ambientais. Então, o palco está definido e, em seguida, a bactéria entra
na criança quando os antibióticos são dados, de forma adequada ou
inadequadamente. E o cenário típico para que isso aconteça é quando a
criança desenvolve uma infecção no ouvido.
Se um antibiótico
beta-lactâmico, como penicilina ou uma cefalosporina, é dada, que elimina
certas partes da flora intestinal, isso cria um nicho para organismos
como Desulfovibrio e
Clostridia crescerem a um maior número onde produzem toxina suficiente para
causar adoença.
Quais
são as razões para se perguntar se essa condição pode ser de alguma forma "infecciosa"?
Sim, isso leva a consideração
de como essas doenças se espalham de um para outro e por que a incidência de
autismo está aumentando tanto, e porque a C. difficile colite é um grande
problema nos hospitais. Então, vamos começar com a C. difficile colite
como o modelo. O paciente chega com Clostridium difficile. Mais uma vez,
pode estar presente como flora normal. Parece ser o caso em cerca de 3%
dos adultos. Mas achamos que tem sido muito bem estabelecido agora com a
C. difficile colite que quando o organismo contamina o ambiente de um hospital,
é um grande problema e é responsável por propagar-se de paciente para
paciente. Clostridium difficile, quando é exposto a antibióticos, tenta se
proteger.
Ele faz isso através da
conversão de células bacterianas vegetativas na forma de esporos, onde podem
resistir a qualquer coisa aquém de autoclavagem. Então, nós demonstramos
esporos do Clostridium difficile no chão de um quarto de hospital que foi limpo
após o paciente ir embora e ficar vazios por mais de um mês, e nós ainda éramos
capazes de achar culturas de C. difficile.
Eles sabiam que o estudo
estava sendo realizado, de modo que a faxineira tentou fazer um trabalho extra
na boa limpeza, e ainda assim podemos encontrá-los. Eu acho que o mesmo
tipo de coisa está acontecendo no caso do autismo com o Desulfobrivio, mas
ainda precisa ser documentado.
Esse organismo não é um
formador de esporos, mas têm outros mecanismos, várias enzimas que o protegem contra
a exposição quanto ao oxigênio e outras influências deletérias. Então, Desulfovibrio pode viver
no ambiente por meses a fio em seu estado vegetativo até que as condições sejam
melhor a das e tenha a oportunidade de sobreviver esse multiplicar.
Como
o trabalho do Dr. MacFabe se relaciona com o seu?
Nós não temos a conexão
completa que temos de ser capazes para dizer que o trabalho do Dr. MacFabe se
encaixa como chave e fechadura com o que estamos fazendo, mas parece uma
possibilidade provável.
Dr. MacFabe pega certos
compostos que são subprodutos da atividade de bactérias no intestino, nós os
chamamos de cadeia curta de ácidos graxos e injeta-as no cérebro de ratos o que
leva a um conjunto de sintomas e achados que são características do que
vemos no autismo em humanos. Então, pode ser um modelo animal muito bom
para nós, e de modo que seria muito útil.
A pesquisa seria acelerada
consideravelmente se soubéssemos que um modelo animal é confiável e que
poderíamos fazer um monte de manipulação das bactérias no intestino de ratos e
economizar tempo em termos de chegar com respostas que se aplicam aos seres
humanos. Agora, a Clostridia realmente produz alguns dos compostos que o
Dr. MacFabe usa em seu modelo e a Desulfovibrionão, mas ela faz isso de uma
forma indireta. Em outras palavras, não produz esses compostos em si, mas
leva a sua produção de uma forma indireta. Assim, ambas as coisas se encaixam
com sua hipótese e com o seu modelo animal.
Você
pode comentar sobre a conexão dessas bonos alimentos que comemos?
Bem, acho que estamos
começando a apreciar que a dieta é extremamente importante. Tem um impacto
definitivo sobre a flora intestinal e o impacto pode ser bom ou ruim,
dependendo da dieta. Acho que precisamos estudá-la ainda mais, mas houve
um estudo feito onde os sujeitos, os voluntários que não estavam doentes,
concordaram em ingerir várias dietas diferentes com intervalos entre elas e
tudo que escolheram para comer normalmente. O que mostrou concordância
clara com uma dieta rica em carne no conteúdo, carne cozida, e crescimento
de Desulfovibrio.
Então, eu acho que isso é uma
vantagem importante. Além disso, outros têm encontrado ao longo dos anos
que determinadas dietas beneficiam as crianças autistas. Há a dieta sem
glúten e sem caseína, que é difícil de fazer, demorada e cara, mas muitas
crianças autistas melhoram às vezes de forma significativa com essa dieta. Há
também a dieta de carboidratos específicos, que é ainda mais difícil de fazer e
mais cara, e que é útil para outras crianças autistas. O filho de Ellen
Bolte que citamos aqui, por exemplo, não respondeu a dieta sem glúten e sem
leite, mas respondeu bem à dieta de carboidratos específicos.
O
que você acha sobre o futuro da pesquisa das bactérias intestinais e sua relação
com oautismo?
Nós achamos que as bactérias
são muito importantes no autismo, como eu mencionei e, sabendo o que as
bactérias fazem em outras circunstâncias, é fácil visualizar a disseminação
dessas bactérias entre irmãos de crianças autistas. E nós vemos agora mais
casos múltiplos nas famílias do que víamos antes e um aumento da frequência de
autismo, provavelmente por causa da disseminação desses organismos, através do
ambiente e até mesmo a transferência direta de uma pessoa para outra. A
coisa mais encorajadora sobre tudo isso é que sabemos muito sobre as bactérias
e, se soubermos com certeza que as bactérias estão envolvidas no autismo,
teremos formas de combatê-las. Sabendo o que sabemos sobre as bactérias,
podemos visualizar uma vacina que poderia ser dada por via oral. Seria
muito bem tolerada em todos os aspectos e construiria anticorpos em outras
partes do sistema imunológico que combatem Clostridia e Desulfovibrio, e poderiam não
só controlá-la uma vez já estabelecida, mas poderia impedi-la
inteiramente.
Assim, poderá chegar o dia que
teremos uma vacina que poderia ser dada como qualquer outra vacina como a da
pólio, por exemplo, para impedir totalmente a doença e eliminá-la. Mas,
além da espera para a vacina, podemos estar trabalhando no desenvolvimento
dessas bactérias boas que nós conhecemos. E não sabemos o suficiente sobre
elas, por isso temos de fazer mais pesquisas.
Mas temos coisas chamadas
probióticos. E você vai ouvir e ver um monte de anúncios para este ou
aquele iogurte, que supostamente são bons e complementados com muitos
probióticos. Você dificilmente pode comprar sorvete hoje em dia,
especialmente sorvetes a base de iogurte, sem adição destas coisas. Isso
porque é uma boa publicidade. Mas a formação científica, não é
sólida. Não há pesquisas para provar que esses alimentos podem fazer algo
de bom para o autismo, por exemplo. Mas existem maneiras de colocar boas
bactérias de volta para lutar contra as más, e assim que tivermos pesquisas
feitas suficientes para saber quais determinados tipos de bactérias, e subtipos,
são absolutamente as boas, sem um tiro pela culatra em nós, então poderíamos
colocá-las em probióticos.
Não muito
tempo atrás às pessoas pensava que o autismo era uma condição permanente, mas,
agora, há sugestões de que ele pode ser pelo menos, parte reversível?
A reversibilidade do autismo é
uma proposição muito emocionante. Como indiquei crianças que tiveram por
até um ano ou mais, dentro de 2-3 semanas de antibioticoterapia estão muito
melhores, e é dentro desta possibilidade que podemos manter a melhoria e
levá-la a todo o caminho de volta para uma criança normal se tratarmo-as precocemente. Tem
estado muito na imprensa leiga, recentemente, a importância de diagnosticar o
autismo cedo e sugestões feitas para médicos e pais a respeito de como se pode
suspeitar sobre o autismo e verificar o diagnóstico. Tenho medo de que
quando a criança ficar mais velha, quando eles entram em sua adolescência e,
principalmente, na idade adulta, poder ser muito menos reversível.
Michelangelo, o gênio da Renascença, pode ter sofrido de síndrome de
Asperger, uma forma mais branda de autismo que causa dificuldades de interação
social, afirmam cientistas especializados nesta doença. O sintoma da síndrome de
Asperger - também conhecida como autismo de alto funcionamento - pode se
apresentar na forma de um talento especial numa área particular como arte,
música ou matemática.
A
pesquisa conduzida por dois especialistas - um britânico e outro irlandês - em
autismo, publicada no Journal of Medical Biography, argumenta que Michelangelo
apresentava vários elementos da síndrome Asperger. "Michelangelo era
indiferente e anti-social", disseram o doutor Muhammad Arshad, psiquiatra
do Five Boroughs Partnership em Warrington, noroeste da Inglaterra, e o
professor Michael Fitzgerald, da Trinity College Dublin, no relatório. "Assim
como o arquiteto John Nash (1752-1835), que também tinha autismo de alto
funcionamento, ele tinha poucos amigos", afirmaram, em alusão ao famoso
arquiteto britânico cujos edifícios estão espalhados por toda Londres. Os
cientistas descreveram Michelangelo como "estranho, sem afetividade e
isolado" e "preocupado com sua própria realidade privada",
acrescentando que seu pai e avô e um de seus irmãos também apresentavam
tendências autistas.
Continue lendo:
Os dois
concluíram, destacando que "o trabalho determinado de Michelangelo, seu
estilo de vida incomum, seus interesses limitados, sua pobre vida social e seus
recursos de comunicação e várias questões de controle da vida aparecem como
características da síndrome de Asperger ou autismo de alto funcionamento".
MIGUEL ÂNGELO
ERA AUTISTA? D.R. O pintor era irritável, sarcástico, obcecado pelo trabalho e
pelo controlo de todos os aspectos da sua vida
O génio do Renascimento apresentava dificuldades de comunicação e tinha tendência para o isolamento. As suas características levaram um investigador britânico a lançar uma nova e audaz tese, associando-o ao autismo. O génio renascentista Miguel Ângelo, autor dos frescos da Capela Sistina e da estátua de David, entre muitas outras obras-primas, pode ter sofrido de autismo, segundo sugerem investigações recentes.
O génio do Renascimento apresentava dificuldades de comunicação e tinha tendência para o isolamento. As suas características levaram um investigador britânico a lançar uma nova e audaz tese, associando-o ao autismo. O génio renascentista Miguel Ângelo, autor dos frescos da Capela Sistina e da estátua de David, entre muitas outras obras-primas, pode ter sofrido de autismo, segundo sugerem investigações recentes.
O estudo em
causa, publicado no ‘Journal of Medical Biography’, fornece uma síntese de
novos factos sobre o famoso pintor, escultor e arquitecto, cuja obra marcou o
século XVI e ficou associada para sempre ao génio do Homem. O psiquiatra
britânico e autor principal da pesquisa, Muhammad Arshad, defendem que Miguel
Ângelo “era solitário, absorvido em si mesmo e concentrava toda a atenção nas
suas obras-primas”. Tudo características típicas do autismo.
O estudioso
sustenta que o comportamento de Miguel Ângelo é conforme aos critérios
definidores da síndroma de Asperger, também chamada autismo de elevado funcionamento. O autismo é uma desordem complexa que
pode não afectar a inteligência, mas influencia o modo como se recebe e absorve
informação. Entre os sinais que permitem identificá-lo contam-se a dificuldade
na comunicação, o isolamento social, a necessidade de controlo e a obsessão por
interesses muito específicos.
Tudo isto
torna a vida diária difícil à maior parte dos autistas, embora alguns consigam
viver relativamente bem e até frequentar o ensino regular.
NÃO TIRAVA OS SAPATOS,
Mas em que se baseia, afinal, Arshad para afirmar que Miguel Ângelo era
autista? O investigador nota, antes de mais, que os homens da família dele
apresentam “traços autistas” e perturbações de humor. A própria família de
Miguel Ângelo considerava que ele era complicado e tinha problemas em
aplicar-se a fazer fosse o que fosse.
Arshad pinta
ainda Miguel Ângelo como distante e solitário, afirmando que o mentor do
artista chegou a descrevê-lo mesmo como incapaz de fazer amigos ou manter
qualquer relação. Num exemplo concreto, Arshad conta que o famoso pintor não
foi ao funeral do irmão, o que, garante, revela “incapacidade para mostrar
emoções”.
A fama que
perdurou através da História, descreve Miguel Ângelo como um homem obcecado
pelo trabalho e pelo controlo de todos os aspectos da sua vida – família,
dinheiro e tempo. Perder o controle causava-lhe enorme frustração.
Ao mesmo
tempo, era capaz de criar em pouco tempo muitas centenas de cenas para o tecto
da Capela Sistina, nenhuma delas igual, nem repetindo qualquer pose. Sustenta ainda o investigador que Miguel Ângelo
tinha dificuldade em manter uma conversa e, frequentemente, abandonava a meio
uma situação de interação social. Considera-o, além disso, irritável,
sarcástico e, às vezes, paranoico. Também é descrito como tendo mal génio e
violentos acessos de fúria. Miguel Ângelo raramente tomava banho, dormia
frequentemente vestido e nem se descalçava.
“Passava tanto
tempo sem tirar os sapatos que, quando o fazia, a pele vinha atrás, com o apele
de uma cobra”. “Ao concluir Muhammad Arshad expõe” o resumo da sua
investigação: “A rotina de trabalho, o estilo de vida invulgar, o facto de ter
interesses limitados, a falta de habilidade social e de comunicação e vários
aspectos relacionados com o controlo são traços do autismo de alto
funcionamento”.
O QUE É? Uma
criança autista é incapaz de desenvolver relações sociais normais. O seu
comportamento revela-se de maneira compulsiva, onde os padrões são
os constantes rituais. O autismo é, no entanto, uma doença completamente diferente do atraso mental ou da lesão cerebral, embora, ressalve-se, haja autistas com estes traços.
os constantes rituais. O autismo é, no entanto, uma doença completamente diferente do atraso mental ou da lesão cerebral, embora, ressalve-se, haja autistas com estes traços.
QUANDO SURGE. Os
sinais do autismo aparecem normalmente no primeiro ano de vida do ser humano.
Nas ocasiões em que isso não acontece, é certo que se manifesta sempre antes
dos três anos. A doença atinge muito mais os elementos do sexo masculino – é
duas a quatro vezes mais frequente nos rapazes do que nas raparigas.
CAUSAS.
Aquilo que
provoca o autismo permanece desconhecido. Há várias teorias que tentam explicar
as causas da doença, mas nenhuma foi conclusiva. Estudos de gémeos idênticos
indicam que a doença pode ser em parte, genética, porque tende a afectar ambos
os gémeos se um deles a tiver. Mas certezas, neste caso, são poucas.
AUTISMO E
SÍNDROMA DE ASPERGER. Uma criança autista prefere estar só, não forma relações
pessoais íntimas, não abraça, evita olhar nos olhos das pessoas, resiste às
mudanças, é excessivamente presa a objectos familiares e repete continua mente
certos actose rituais. A criança
pode começar a falar depois das outras crianças da mesma idade e usar a língua
de um modo estranho. Há também a possibilidade de não falar, porque não quer ou
não pode.
Ao falar com
uma criança autista, o interlocutor tem frequentemente dificuldade em
entendê-la. É possível que repita as palavras que lhe são ditas (ecolalia) e
inverta o uso normal de pronomes, principalmente usando o “tu” em vez do “eu”
ou o “mim” quando se refere a si própria. O autismo foi originalmente descrito
por Leo Kanner (1894-1981). Kanner nasceu na Áustria e emigrou para os Estados
Unidos em 1924.
Publicou o
primeiro trabalho sobre crianças autistas em 1943. Antes de ter identificado os
sintomas do autismo, estas crianças eram consideradas perturbadas
emocionalmente ou atrasadas mentais.
O pediatra
austríaco Hans Asperger (1906-1980) fez a descoberta de Kanner praticamente ao
mesmo tempo em que ele, só que todos os doentes de Asperger podiam falar. Por
isso, o termo síndroma de Asperger é usado com regularidade para designar
pessoas autistas capazes de falar.
GÉNIO É QUASE
IMPOSSÍVEL. O autismo relaciona-se, de algum modo, com a genialidade? A
pergunta é legítima, atendendo a que também Albert Einstein, que descobriu a
Teoria da Relatividade, e Isaac Newton, pai da Lei da Gravidade, foram, em
2003, considerados ‘Aspergers’ por cientistas das universidades britânicas de
Oxfor de Cambridge. Isabel
Cottinelli Telmo, presidente da Federação Portuguesa de Autismo, rebela-se
contra tal associação, pois sabe das expectativas que gera nos pais das crianças
autistas. “Entre os ‘Aspergers’, dois ou três podem ser génios, mas a
esmagadora maioria não é”, afirma ao Correio da Manhã.
A prevalência do autismo severo é de uma para 10 mil
crianças e estima-se que a síndroma de Asperger afecte 15e mcada 100. Segundo Isabel Cottinelli, “há casos
gravíssimos, em que o bebé não come, não dorme, só grita e ninguém sabe porque
razão”.A detecção nem sempre acontece precocemente: “Há crianças que já estão
na escola primária e nunca ninguém percebeu que eram autistas”. “A mesma
responsável nota que a maioria dos autistas não é capaz de viver de forma
autónoma, “tem de ser ajudada a aprender e a interagir”“. A síndroma de
Asperger permite maior autonomia, mas, mesmo assim, “estamos a falar de pessoas
com comportamento irregular, que, por exemplo, muito facilmente abandonam o emprego”. Isabel Ramos;
Michelangelo
Pintor, escultor, arquiteto e poeta italiano que
nasceu em Caprese, perto de Florença em 06 de Março de 1475. Seu nome era Michelangelo
di Lodovico Buonarroti Simoni. Gênio criador, mestre de sua geração e um
talento de renome universal, é considerado o mais ilustre representante do
movimento da Renascença Italiana. A ele é atribuída à criação do estilo
barroco. Ainda bem criança, sua mãe faleceu e ele foi
entregue aos cuidados de uma ama de leite, cujo marido era marmorista e isso
lhe proporcionou muita habilidade e conhecimento sobre o mármore.
Em 1488 entrou como aluno para o ateliê do pintor
Domenico Ghirlandaio, mestre da pintura de Florença, com quem aprendeu as
técnicas de ar fresco e painel. De 1489 até 1492 frequentou a escola de
escultura mantida por Lourenço, o Magnífico, nos jardins de São Marcos.
Em 1494 com a revolução em Florença, Michelangelo
foge para Veneza, onde esculpe três estátuas para o túmulo de São Domingos. De
volta à Florença, esculpe em madeira a "Crucificação". Em 1496
mudou-se para Roma, onde esculpe "Baco". Sua grande obra do período
de inspiração religiosa é a "Pietà" em mármore que se encontra na Basílica
de São Pedro, em Roma. Em 1501, em Florença, recebeu o encargo de realizar as
15 figuras da capela Piccolomini da Catedral de Sierra e o colossal
"Davi" em mármore, concluído em 1504.
Neste ano, o artista começou a pintar um enorme
mural inspirado na "Batalha de Cascina" no grande salão do conselho
no Palazzo Vechio, em Florença. Neste mesmo ano pinta a "Sagrada
Família" e esta são a primeira pintura de que se tem notícia. Ela hoje
está na Galeria Uffizi, em Florença com outros desenhos e pinturas. Em 1505 o
papa Júlio II solicita a Michelangelo um projeto de túmulo grandioso. O artista
desenha uma sepultura que é também uma fortaleza, guardada por 40 estátuas em
mármore.
Ele passou oito meses em Carrara escolhendo e
supervisionando o corte das peças de mármore. O projeto não chegou a ser
concluído, acarretando muitos problemas para Michelangelo que se desentendeu
com o papa. Mais tarde desculpou-se com Júlio II e este lhe encomendou uma
estátua em bronze para a Igreja de São Petrônio, concluída em 1508.
Neste mesmo ano, Michelangelo recebeu o primeiro
pagamento do papa para iniciar a ampliação da Capela Sistina, cujos afrescos
pintou até 1512. Embora tenha trabalhado como pintor a contragosto, pois
preferia a escultura, realizou na Capela afrescos tidos como a expressão máxima
da arte pictórica do Renascimento.
Em 1513 finalmente conseguiu renegociar o contrato
do mausoléu com os herdeiros de Júlio II. O projeto foi reduzido e Michelangelo
idealizou para o sepulcro sua célebre estátua “Moisés” e também os “Escravos”,
ambas em mármore. Este mausoléu é completado em 1545.
-Em 1516 o novo papa, Leão X, incumbe-o da
edificação da fachada da Igreja de São Lourenço, em Florença.
-Em 1517 Michelangelo compra uma casa para usar como
ateliê.
-Em 1520 compromete-se a projetar uma capela
mortuária na igreja que deveria abrigar os sepulcros da família Medici. No
mausoléu dos Medici as estátuas “Juliano” e “Lourenço, o Magnífico” representou
um novo ponto de partida no campo da escultura funerária.
-Em 1523 o Cardeal Medici é eleito papa Clemente
VII.
-Em 1524 o papa o encarrega do projeto da Biblioteca
Laurenziana,
-Em 1527 em Roma é saqueada pelas tropas do
imperador e o papa refugia-se. No ano seguinte, imperador e papa reconcilia-se
e Michelangelo é nomeado membro de um comitê encarregado de projetar
fortificações contra os ataques dos exércitos.
-Em 1530 volta a trabalhar no túmulo dos Medici.
-Entre 1536 e 1541 realizou no altar da Capela
Sistina o grande afresco "Juízo Final".
-Em 1543 começa a pintar a Capela Paulina que
termina em 1549.
-Em 1547 é nomeado arquiteto da Basílica de São
Pedro, e fica no cargo até sua morte.
-Em 1559 desenha a Igreja de São Giovanni dos
Florentinos.
-Em 1560 desenha a "Porta Pia" e outros
portões de cidades. Faz, em madeira, o modelo da cúpula da Basílica de São
Pedro. Entre as suas últimas esculturas destaca-se "Pietà Rondanni".
-Em 18 de fevereiro de 1564 morre em Roma aos 88
anos de idade.
Seus restos mortais estão na Igreja de Santa Croce, em Florença. Michelangelo dizia que sua criação lutava para se libertar da pedra, chegando a declarar que "ele só tirava as sobras, pois a estátua já estava lá".
Seus restos mortais estão na Igreja de Santa Croce, em Florença. Michelangelo dizia que sua criação lutava para se libertar da pedra, chegando a declarar que "ele só tirava as sobras, pois a estátua já estava lá".
Suas obras espalham-se por Roma, Florença, Vaticano,
Milão e em outros museus pelo mundo. Alternou o trabalho em outras áreas com a
criação poética, escrita a partir de 1530. O conjunto de seus textos
caracterizados como uma "biografia espiritual" reúne mais de 300
sonetos, madrigais e outros tipos de poemas.
-Em 1553 a vida de Michelangelo é publicada por Condivi.
-Em 1553 a vida de Michelangelo é publicada por Condivi.
ESPECIALISTAS AFIRMÃO
A especialista Bryna Siegel destacou hoje, no Porto, a
importância da brincadeira para a aprendizagem das crianças autistas, que
aprendem «com maior facilidade, se estiverem em contato com objetos que
gostam».
Bryna Siegel, autora do livro «O mundo da criança com
autismo – Compreender e tratar perturbações do espectro do autismo»
caracterizou o comportamento dos autistas e apresentou várias técnicas que os
pais e educadores podem programar durante a aprendizagem das crianças.
«“ Sem a brincadeira, não há bases para a aprendizagem “““.
“Embora as crianças autistas não brinquem com os brinquedos da mesma forma que
as outras crianças, aprendem com maior facilidade, se estiverem em contato com
objetos que gostam», afirmou Bryna Siegel, especialista em autismo, da
Universidade da Califórnia.
Bryna Siegel relatou uma situação em que uma criança
normal brinca com um camião, enquanto uma criança autista «coloca todos os
camiões numa fileira simétrica e analisa cada detalhe do brinquedo».
De acordo com Siegel, através da repetição das palavras e
da pronúncia feita num tom de voz mais elevado, as crianças com deficiência
social podem aprendem os nomes das cores, dos números, das partes do corpo,
horas e datas.
«As crianças com autismo repetem tudo o que ouvem, mas
não conseguem compreender o significado de cada palavra», explicou à
investigadora.
Bryna Siegel disse ainda que os autistas compreendem
«mais facilmente substantivos do que os verbos, porque fazem a relação com as
coisas que veem» e que os educadores devem utilizar fotografias para levá-los a
pensar sobre o objeto.
«Muitos deles têm boa memória fotográfica e processual,
sendo capazes de montar um quebra-cabeça com as imagens viradas para baixo»,
disse a especialista.
Siegel explicou que a criança autista tem a tendência a
não estar consciente dos sentimentos das outras pessoas e apresentam problemas
de comunicação.
«Embora as crianças não falem, podem fazer-se entender”.
“Conseguem brincar e relacionar-se com crianças normais e com as que falam
outras línguas, através da linguagem não verbal», afirmou a investigadora.
Bryna Siegel disse que «por não ter uma
linguagem verbal, a criança autista apresenta uma dificuldade acentuada em
iniciar uma conversa com outras crianças, mas consegue utilizar a linguagem
quando precisa de alguma coisa, o que é conhecido como linguagem instrumental».
Referiu também que «a criança autista é capaz
de compreender que um sorriso e um aceno de cabeça podem ter significados
positivos, que remetem a uma ação correta».
«Mas a criança que não compreende o gesto,
não compreende o funcionamento da mente, por isso nem sempre pede ajuda porque
não têm consciência de que os outros conseguem interpretar o mundo à sua
volta», frisou Siegel.
Bryna Siegel é diretora da Clínica para o
Autismo e professora de psiquiatria na Universidade da Califórnia, em São
Francisco.
Na sua obra, «O mundo da criança com autismo
– Compreender e tratar perturbações do espectro do autismo» descreve o que
designa por «comportamentalismo desenvolv-imental», que está na base do
tratamento de dificuldades específicas do autismo no campo da percepção, do
processamento e da recuperação da informação.
O seu projeto mais recente, Jump Start,
consiste num «modelo para ajudar crianças com autismo a aprenderem a aprender e
ajudar os pais a integrarem serviços da escola e da casa».
Famosos com Síndrome de Asperger com
Clássico do Autismo.
A chamada síndrome de
Asperger, transtorno de Asperger ou desordem de Asperger (SA) é uma síndrome do
espectro autista, diferenciando-se do autismo clássico por não comportar nenhum
atraso global no desenvolvimento cognitivo ou da linguagem do indivíduo, porém
às vezes pode coexistir com outras patologias. É uma das cinco condições
neurológicas caracterizadas por diferenças na aptidão para a comunicação, bem
como, padrões repetitivos ou restritivos do pensamento e comportamento. De uma
maneira geral afeta o modo como uma pessoa comunica e se relaciona com os
outros.
Estudos levados a cabo em escolas do
primeiro ciclo numa cidade onde predomina a classe média revelaram que 0,36% da
população em geral são “Aspies”, na proporção de 4 homens para 1 mulher. Na verdade
sugere-se que a SA é consideravelmente mais comum que o autismo clássico.
Enquanto o autismo tem tradicionalmente sido encontrado à taxa de quatro a cada
10.000 crianças, estima-se que a Síndrome de Asperger esteja na faixa de 20 a
25 por 10.000.
Existem diversos graus de síndrome de Asperger:
ligeiros (crianças afetadas ligeiramente e que podem nunca chegar a ser
diagnosticadas e serem apenas consideradas “estranhas”), médios ou graves
(crianças afetadas de forma intensa e que podem não vir a ser independentes).
Estes dependem da frequência, ou intensidade dos comportamentos individuais,
que podem melhorar ao longo do tempo através de terapias adequadas. Tal como o
autismo o síndrome de Asperger não tem cura, sendo que os fatores que lhes dão
origem ainda não estão totalmente compreendidos. Muitas especialistas acreditam
que as alterações do comportamento que constituem o SA podem não resultar de
uma única causa.
As características dos “Aspies” (breve
síntese):
- Interesses específicos ou preocupações com
um tema em detrimento de outras actividades;
- Rituais ou comportamentos repetitivos;
- Peculiaridades na fala e na linguagem;
- Padrões de pensamento lógico/ técnico extensivo:
- problemas de interação interpessoal;
- Problemas com a comunicação não verbal;
- Transtornos motores, movimentos desajeitados e descoordenados.
As suas qualidades:
- relações pessoais caracterizadas por uma
perfeita lealdade;
- independência de preconceitos sexistas ou
geracionais;
- Discurso isenta de falsidades ou conceitos
politicamente corretos;
- capacidade de seguir as próprias ideias
ou perspectivas, apesar das provas em contrário;
- consideração por menores e detalhes que
aparentam pouco interesse para a maioria;
- capacidade de aceitar argumentação semideias
pré-concebidas;
- interesse nas verdadeiras contribuições
para a conversa, sem perder tempo com superficialidades ou trivialidades;
- conversação sem objetivos pouco claros ou
manipulação;
- perspectivas originais, e por vezes únicas,
na resolução de problemas;
- memória excepcional para dados ignorados
por todos os outros indivíduos;
- clareza de valores e poder de decisão inalterado
por fatores políticos e financeiros;
- sensibilidade apurada para experiência se
estímulos sensoriais;
- maiores hipóteses de prosseguir carreiras académicas e/ou científicas.
As seguintes pessoas têm/tiveram Síndrome de Asperger:
- Leonardo da Vinci (pintor,
matemático, escultor, arquiteto, físico, escritor, engenheiro, poeta,
cientista, botânico e músico do Renascimento italiano. É considerado um dos
maiores gênios da história da Humanidade).
- Michelangelo (foi um pintor,
escultor, poeta e arquiteto renascentista italiano).
- Ludwig van Beethoven (compositor
erudito alemão, do período de transição entre o Classicismo e o Romantismo É
considerado um dos pilares da música ocidental).
- Mozart (compositor
austríaco e executante da música erudita do Período Clássico).
- Isaac Newton (cientista inglês,
mais reconhecido como físico e matemático, embora tenha sido também astrônomo,
alquimista, filósofo natural e teólogo).
- Jane Austen (foi uma
escritora inglesa proeminente, considerada por alguns como a segunda figura
mais importante da literatura inglesa depois de Shakespeare).
- Emily Dickinson (poetisa americana).
- Nobel da Física de 1921.
- Alfred Hitchcock (cineasta
britânico/norte-americano, considerado o mestre dos filmes de suspense).
- Al Gore (político
americano).
- Bill Gates (fundador da
Microsoft, a maior e mais conhecida empresa de software do mundo).
- Bobby Fischer (famoso
xadrezista originalmente norte-americano, naturalizado islandês e ex-campeão
mundial de xadrez).
- Stanley Kubrick (um dos
cineastas mais importantes do século XX, responsável por uma obra polêmica, mas
que gozou de uma excelente recepção crítica).
- Sócrates (filósofo
ateniense, um dos mais importantes ícones da tradição filosófica ocidental, e
um dos fundadores da atual Filosofia Ocidental).
- Thomas Jefferson (terceiro
presidente dos Estados Unidos da América).
- Charles Darwin (naturalista
britânico).
- Thomas Alva Edison (inventor e
empresário americano que desenvolveu muitos dispositivos importantes de grande
interesse industrial).
- Henry Ford (empreendedor
americano fundador da Ford Motor Company e o primeiro empresário a aplicar a
montagem em série de forma a produzir em massas automóveis).
- Wassily Kandinsky (artista russo
e professor da Bauhaus).
- Alexander Bell (cientista,
inventor e fundador da companhia telefônica Bell).
- Nietzsche (influente
filósofo alemão do século XIX).
- Andy Warhol (pintor e
cineasta norte-americano, bem como uma figura maior do movimento de pop art.).
- Jim Henson (criador e
manipulador de bonecos Marretas).
- Keanu Reeves (ator).
- Vincent Willem van Gogh (pintor
pós-impressionista holandês).
- Albert Einstein (foi um físico alemão radicado
nos Estados Unidos da América (EUA) mais conhecido por desenvolver a teoria da
relatividade). Ganhou o Prêmio Nobel de Física de 1921.
O
pintor italiano Michelangelo teria sofrido da Síndrome de Asperger uma forma de
autismo, chamada Síndrome de Asperger com o Clássico do Autismo, de acordo com
um estudo publicado no Journal of Medical Biography. Dois cientistas do Trinity
College, em Dublin, declararam que o artista, conhecido pela pintura do teto da
Capela Sistina, no Vaticano, tinha traços característicos da doença.
O
psiquiatra Muhammad Arshad, um dos responsáveis pela pesquisa, disse que o
pintor era uma pessoa solitária e distante. Ele revelou que o pai e o avô de
Michelangelo, assim como um de seus irmãos, apresentavam uma tendência para o
autismo.
O
estudo descreve o artista como estranho, sem afeto e isolado, direcionado para
sua própria realidade pessoal.
'A
rotina de trabalho de Michelangelo, seu estilo de vida incomum, seus interesses
limitados, seus problemas em se comunicar e socializar, além de vários outros
aspectos da vida do pintor denotam um autismo de grau relativamente alto ou de
Síndrome de Asperger', defenderam os especialistas.
Eles
explicaram que as pessoas com esse tipo de autismo, geralmente, apresentam uma
grande aptidão em uma área específica, como as artes ou a matemática.
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